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sábado, 8 de julho de 2017

A VIDA É UM SONHO .... de Calderón de La Barca (escritor espanhol 1600 - 1681)

Na  Comédia estreada em 1635, Calderón de La Barca escreve o famoso monólogo do Príncipe Segismundo, uma das mais belas páginas da literatura.  A Vida é um Sonho:

1-
É certo, então reprimamos
Esta fera condição.
Esta fúria, esta ambição,
pois pode ser que sonhemos;
e o faremos, pois estamos
em um mundo tão singular
que o viver é só sonhar
e a vida ao fim nos imponha
que o homem que vive sonha
o que é , até despertar.

2-
Sonha o rei que é rei, e segue
com esse engano mandando,
resolvendo e governando.
E os aplausos que recebe,
vazios , no vento escreve
e em cinzas sua sorte
a morte talha de um corte.
E há quem queira reinar
vendo que há de despertar
no negro sonho da morte?

3-
Sonha o rico a sua riqueza
que trabalhos lhe oferece;
sonha o pobre que padece
sua miséria e pobreza;
sonha o que o triunfo preza,
sonha o que luta e  pretende
sonha o que agrava e ofende
e no mundo, em conclusão,
todos sonham o que são,
no entanto ninguém entende.

4-
Eu sonho que estou aqui
de correntes carregado
e sonhei que em outro estado
mais lisonjeiro me vi.
Que é a vida ? um frenesi
Que é a vida? uma ilusão;
uma sombra, uma ficção;
O maior bem é tristonho
porque toda a vida é um sonho
e os sonhos, sonhos  são.

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"Morrer, dormir, dormir talvez sonhar ..." William Shakespeare

6 comentários:

  1. Sonhos são sempre sonhos,sendo muitas vezes nos parecendo reais.
    E assim podemos pensar que a vida é um sonho.
    Lindo Guaraciaba.
    Bjs e um ótimo domingo.
    Carmen Lúcia.

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  2. Oi, Carmen...as vezes é difícil distinguir entre um e outro... mesma indagação do poeta há mais de quatrocentos anos.
    Um abraço e obrigada

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  3. Belíssimo poema. Pobre de nós sem os sonhos . Um abraço.

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  4. Oi, Lourdinha, concordo com você, mas façamos força para que sejam bons e que Deus nos ajude.
    Um abraço

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  5. Há quem diga que os clássicos já tudo disseram, nós apenas esgravatamos nas suas palavras, padecendo de memória.
    Gostei muito do post. Profundíssimo!

    Abraço

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    1. Oi, A.C....é verdade...depois de ler um poema clássico compreendemos a sua condição de alcançar a plenitude das inquietações humanas em qualquer tempo e contexto.
      Um abraço

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