Amigos

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Casa das Rosas

Pense uma casa de nobreza e luz
Pensa vitrais de coloridos modos
Pense janelas abertas para o sol
Pense varandas,perfumadas noites
Pense jardins de rosas multicores
Pense em amores...
Ergueu-se um sonho, criou-se a história
Passou-se o tempo...
...................................................................
Pense uma avenida reluzente
de faróis moventes.
Torres de ferro, concretude e aço
Espelhos edifícios que refletem nuvens
Ondas passageiras de veloz circuito
Telas gigantescas de néon,
brilhos e sons...
................................................................
Ao longo do Passeio público,
no céu de estrelas a mesma lua
indiferente e bela.
banha de prata o asfalto e o jardim...
E no presente brilho, perfumadas rosas
ancestrais que agora,
fazem o sonhar de um tempo
de saudade antiga.
Agora, toque um blues...


Guaraciaba ( 2003)

* A Casa das Rosas ,hoje um Centro Cultural, foi construída no
princípio do século XX, como uma das residências abastadas da
Avenida Paulista.Mantém a realidade arquitetônica antiga,
inclusive o jardim das rosas, em belo contraste com os prédios
modernos do entorno.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cançãol Amiga

Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida,nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

Poema de Carlos Drummond de Andrade

NAS ASAS DO TEMPO

Aquieta o coração
Ouve o silêncio
do momento que passa
nas asas do tempo...
Brilha uma estrela,
é a Vésper do dia,
luz que do espaço
manda-lhe a mensagem
do tempo que passa...
Na língua dos Anjos
contando uma história
de outro momento,
em outra linguagem,
Brincando crianças
em outras paisagens...
Luzes,sonhos,
risos,cantos,
de Anjos que encantam,
criam e recriam
a vida que passa,
nas Asas do Tempo...

Guaraciaba (2005)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Ilha (letra para canção)

São sons que vêm de fora
marulhos do mar adentro,
batem nas pedras e ecoam
por todos os cantos da ilha.
São sons que vêm e se vão,
fica o silêncio da noite,
e a ilha se fecha em si,
recolhida em pensamento...
Brinca a ilha,brinca a ilha,
brinca de sonhos com a vida...
Sopros de aragem sente
na folhagem de seu peito,
e a ilha sonha acordada
na paz que se faz ao vento.
Brinca a ilha ,brinca a ilha,
brinca de sonhos com a vida...
Manda-lhe a prata, a lua,
para enfeitar seus cabelos,
banhada pelo luar,
fica na roda do tempo.
Brinca a ilha, brinca a ilha.
brinca de sonhos com a vida...
A areia branca da praia,
traz-lhe enfeite de princesa
e acobertada de estrelas,
fica a ilha recolhida,
antes que enfim adormeça...
Brinca a ilha, brinca a ilha,
brinca de sonhos com a vida...

Guaraciaba (2004)

sábado, 24 de julho de 2010

DOS CRAVOS (letra para canção)

Aonde os cravos da nobreza antiga,
dos escudos medievais?
Aonde os cravos das lapelas dos barões
e dos castelos ancestrais?
E o que dizer dos cravos das revoluções
em que o sangue do martírio tinge
a flor nos tiros dos canhões?
E na vitória que lançada aos ventos
conduz o brado da vingança e medo...
E quando a paixão torna sem jeito,
o jeito de existir, ao cravo se revela
seu poder na dança
que a cigana encanta
e traz no canto a flor
que em seu sorriso se revela amor?
Pintados cravos de todas as cores,
dos varais do povo,de janelas
abertas para o sol...
Dos cravos do fado e da sorte,
aos cravos se revela
o poder da flor...

Guaraciaba (2004)

CAVALOS (escolha o seu)

Cavalo livre como um ser alado

que os gregos sonhavam existir

E que com sua perfeição de formas

alcançava o céu no modo de existir

Cavalo companheiro de caçada

Instrumento de poder do cavaleiro

Vivendo juntos, a liberdade e o vento

sentindo pele a pele a cavalgada

Cavalo de trabalho e dura lida,

do campo, do cultivo e do suor

que se aplica em faina toda a vida,

aquele que se entrega por amor.

Ou simplesmente, cavalo da campina

que cavalga de alegria e sentimento

de liberdade junto aos seus na pradaria

que se estende do infinito ao firmamento...


Guaraciaba (2001)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Do Lado Direito

"Há uma roseira que dá flor na primavera"
E são todas rosas de quimeras...
Há sons que se misturam,
em arco-íris no céu,
sonhos estrangeiros de matéria avulsa,
intuindo sombras, fabricando mel...
fantasmas percorrendo labirintos,
sonhando os vivos em frases desconexas
e ondas de maré gigantes fazendo brilhar
peixes de luz...
Pelo mar adentro , sereias fabricam pérolas
ao luar,
castelos de areia não se desmancham ao vento
e olho do menino ama o por do sol!
Espelhos repartidos convergem no horizonte
criando céu e mar onde o real se esconde,
No branco azul do polo norte,
na marcha dos pingüins do polo sul...
Há sempre um sonho na magia da cartola,
há sempre um amor escondido na lapela,
uma moeda de prata no chapéu do conde,
um sino de ouro no alto da capela,
no lado direito onde a esperança cria
vagalumes de luz na escuridão!

Guaraciaba (2004)

Novos Tempos

Entre a intenção e o gesto,
o tempo da contradição.
No tempo do sonho perdido,
o pensamento errante.
No tempo do não pensar,
qualquer idéia é crime.
No tempo da escuridão,
ao tempo da fria luz,
ao tempo do que será?
Teorias do ser ou não ser,
tudo apenas ilusão...
Emtempos de boiada e paquidermes,
manobras do não dizer.
E entre a intenção e o gesto,
não se define o nada e o tudo
e aquilo que se revela
apenas fica no oculto...

Guaraciaba (2009)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Viajante

Viajei pelas estrelas
procurando meu caminho
foi num tempo, de sem tempo
no tempo do nunca mais ...
em uma praia deserta
contei com meus companheiros
em volta do fogo ancestral
foi num tempo, de sem tempo,
no tempo de nunca mais ...
em noite de lua cheia
troquei um dedo de prosa
com um velho que tudo sabia
mas que de nada indagava
somente olhava e sorria
foi num tempo, do sem tempo
no tempo do nunca mais ...
vi alvoradas no mar,
vi por-do-sol no Ocidente,
vi cometa radiante,
vi brilho de estrela guia
foi no tempo, do sem tempo,
no tempo do nunca mais ...
rodopiei pelo espaço
como um "sufi" delirante
cavalguei pelo deserto
e em tempestade de areia
persegui caminho incerto
foi no tempo, do sem tempo,
no tempo do nunca mais ...
como um cigano na vida,
resolvi passar os dias
na busca de um caminho
que fosse daquele tempo,
que um dia eu conheci
correndo de pés desnudos
pés afundando na praia
sangue correndo nas veias
coração batendo forte
nada de vida ou de morte
somente a doce alegria
da existência em contraponto
ao tempo do nunca mais ...

Guaraciaba (2010)

No baú de meus guardados

Saindo de mim mesma
me dei conta,
quanto foi o tempo que passou
e olhando no baú dos meus guardados
eis o rol de tudo que ficou
um botão, uma rosa, um lenço, um perfume,
um canto de pássaro na tarde que se vai
um anel, um par de brincos, um bilhete
num papel amarelado, um alfinete de gaveta,
um bem me quer ...
uma boneca antiga, um livro de páginas marcadas,
um sonho de amor, uma música na alma,
um destino, uma canção ...
uma caixa de fotos de outros tempos,
documentos que já não importam !
Imagens de figuras feitas a mão.
Alguns versos livres rasurados
em rascunho de sonhos acumulados,
uma saudade imensa, melancolia certa,
tristezas e alegrias que se foram,
certezas, tristezas e alegrias que ficaram ...
De tudo um pouco, de um pouco, muito.
Cada objeto desdobrando-se em folhas
e mais folhas de uma história
sem fim ...
no baú de meus guardados, no fundo falso de
minhas lembranças, lá permanecem por todo o tempo,
algumas que fizeram o cerne de minha alma e
que ficaram para sempre
Amém.

Guaraciaba (2010)

domingo, 18 de julho de 2010

Poema XX

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tirintan, azules,los astros, a los lejos"

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, Y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería
Como no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo.Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa,más inmensa sin élla
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardala.
La noche está estrellada y élla no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta.A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercala mi mirada la busca.
Mi corazón la busca,Y élla no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el vento para tocar su oído.

De otro, Será de otro.Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro.Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto,pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el ouvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.


Aunque éste sea el último dolor que élla me causa,
y éstos sean los últomos versos que yo le escribo.

Antologia poética de Pablo Neruda ( veinte poemas de amor y una canción desesperada - 1924)


.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Alma, sonho, poesia - Fernanda de Castro

(in Rev. Ocidente - n. 166 - Fev. 1952 - Lisboa - p. 50)

Entrei na vida
com armas de vencida:
quando eu cantava
o mundo ria
mas nada me importava:
cantava.
Depois, um dia,
o mundo atirou pedras ao meu canto
e a minha alma rasgou-se.
Que seria?
Medo, espanto,
revolta ou simplesmente dor?
Fosse o que fosse,
o orgulho foi maior
com dez punhais nas unhas afiadas
e nos olhos azuis duas espadas,
eu nunca mais seria, nunca mais,
a que entrara na vida
com armas de vencida.
Agora o meu querer era mais fundo:
de um lado, eu, do outro o mundo.
E começou a luta desigual
do tigre e da gazela.
A vencida foi ela.
Mas que louros colheu dessa vitória
o mundo cego e bruto?
O sangue dos poetas ? Triste glória ...
Cinza de sonhos mortos ? Magro fruto ...
Oh, não, punhais e espadas !
Eu só quero cantar ! Não quero ossadas
nem, sob os pés, um chão de campas rasas.
Eu só quero cantar ! Só quero as minhas asas
e a minha melodia:
Alma, Sonho e Poesia ...
Alma, Sonho e Poesia ...

Fernanda de Castro

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Apenas uma rosa

Apenas uma rosa
que tão rosa se eterniza
Apenas uma rosa
que entreaberta, a vida simboliza...
E cria no espaço
as formas perfeitas,
na essência do ser
exprime um pensamento...
Apenas uma rosa
Que paira no ar como encantada,
a visitar a terra dos mortais.
Brilha, perfuma e encanta,
E o mundo permanece um pouco mais...

Guaraciaba (2001)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Por um instante

No meio de um silêncio
e outro,se diz:
Um Anjo passou por aqui!
E por um breve momento
a paz se fez!
Qual foi o Anjo que
de tão puro se fez luz,
de tão leve se tornou brisa
de tão intenso se fez amor
e de tão mágico se fez poesia?
Foi somente no meio de um silêncio
que a alma captou o seu sentido...
Somente no silêncio
o coração se aquieta,
a alma que descansa,
espera... as asas do seu Anjo
que desperta
e vem cantar uma canção
ao seu ouvido.
Vem o Anjo envolto em perfume
de incenso de rosas do Oriente,
logo se desfaz em brisa
acariciando as flores,brilhando em luzes
e na água pura se desfaz em cores...
Olha em meus olhos e me sorri,
já em outro instante, não está mais aqui!

Guaraciaba -2010

domingo, 11 de julho de 2010

Minha Cidade

Goiás,minha cidade...
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.

Eu sou aquela mulher
que ficou velha,
esquecida,
nos teus larguinhos e nos teus becos tristes,
contando estórias,
fazendo advinhação.
Cantando teu passado.
Cantando teu futuro.

Eu vivo nas tuas igrejas
e sobrados
e telhados
e paredes.

Eu sou aquele teu velho muro
verde de avencas
onde se debruça
um antigo jasmineiro
cheiroso
na ruinha pobre e suja.

Eu sou estas casas
encostadas
cochichando umas com as outras.
Eu sou a ramada
dessas árvores,
sem nome e sem valia,
sem flores e sem frutos,
de que gostam
a gente cansada e os pássaros vadios.

Eu sou o caule
dessas trepadeiras sem classe,
nascidas na frincha das pedras:
Bravias.
Renitentes.
Indomáveis.
Cortadas.
Maltratadas.
Pisadas.
E renascendo.

Eu sou a dureza desses morros,
revestidos,enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo.
Pastados.
Calcinados
e renascidos.
Minha vida,
meus sentidos,
minha estética,
todas as vibrações
de minha sensibilidade de mulher,
têm aqui suas raízes.

Eu sou a menina feia
da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.

Cora Coralina
Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais; Editora Global. 1985; RJ. p. 47-49.

** "Cora Coralina dispensa legendas.
É ela a própria legenda de uma época e de uma história; de um quase-século de vivências poéticas do mais puro dos Brasis, o Brasil do Interior, Brasil Central, Brasil-Coração. "

sábado, 10 de julho de 2010

Na casa do meu Avô

Da janela avistava-se a linha ondulada dos cafezais
E pela estrada de barro passavam os bois em carreata...
Na sala da frente minha avó ensinava letras
aos meninos da roça
No canto a moringa de água fresca sobre a toalha rendada
garantia a placidez da manhã...
No quintal, o doce perfume do jambo maduro
e as galinhas cumprindo sua função universal
Nas paredes do quintal cachos brancos de rosas miúdas
entremeavam-se às flores de São João e
que na minha meninice associava às letras
da música "Capelinha de melão"
Em tardes modorrentas o canto das cigarras
transpunha a condição do tempo que se anunciava
em badaladas claras e musicais do carrilhão,
misturando-se ao cheiro inesquecível dos biscoitos
ainda quentes, saídos do fogão ...
A cama de paina era para mim,menina,
a novidade mais gostosa,o bem mais almejado,
pois como um ninho me acolhia
e como braços ternos me abraçava...
Na parede da sala em formal retrato
uma mocinha com ares comportados,
ao lado um rapaz de olhos sérios, escondia
atrás de seus bigodes, a sua juventude...
Foram ambos o início dessa casa amiga
de tantos sonhos e tantas ilusões
perenizados numa prole imensa,
que colocou em cada um de nós,
um pouco de sua poesia,
de seu jeito de ser,seu coração...


Guaraciaba- 2001 ( memória de uma menina paulistana, em férias na década de 50, na casa de seus avós no sul de Minas Gerais)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O Elefante

Imagine um elefante
de tamanho natural
mas que seja esculpido
numa pedra de cristal
e como todo cristal puro
resplandece radiante
aos belos raios de sol.
Colocado numa praça
entre árvores floridas
permanece refletindo
as belas cores da vida ...
às vezes o elefante
sob o vento e sob a chuva
vira uma linda cascata
e quando chega o inverno
seu dorso vai ser coberto
por leves flocos de neve ...
fica o elefante encantado
na praça por todo o tempo
transmitindo aos que passam
a força que dele vem,
sentimentos que se inspiram
nos dons que a vida nos trás;
e ali no centro da praça
refletindo a passagem do tempo
na pedra ao longo da vida
comum um tótem encantado
o elefante de cristal ...

Guaraciaba (2010)


sexta-feira, 2 de julho de 2010

TEMPO FELIZ

Na calma da tarde, o sol
reflete o azul do céu, o mar.
Teu olhar de águas cristalinas
imita o céu, reflete o mar...
E de pedras brilhantes turmalinas
faiscando ao sol, brilhando mais,
teu sorriso de amor me aquece a alma,
me faz feliz uma vez mais, cada vez mais...
E no tempo de existir o céu e o mar,
no espaço entre o teu e o meu olhar,
na paz que vem de dentro do meu ser,
do teu, talvez,
fluindo em ondas, espuma ao sol,
no verde azul, no vai e vem,
no vem e vai de ser feliz,
uma vez mais, cada vez mais...


Guaraciaba (letra para canção- 2005)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O navio que veio de Nantes

O navio que veio de Nantes
trouxe uma rua em seu bojo
Um pedaço da cidade
passou pelos portos do mundo.
Suas casas, suas pedras,
suas calçadas vazias,
suas janelas antigas
de cortinados de renda,
vitrines de lojas modestas
e postes de luz amarela;
as paredes remendadas,
a praça em sua quietude,
alguma mesa e cadeiras
como no tempo esquecidas...
Parado no porto o navio
abriu-se à visitação
e o público foi conhecer
a rua de Nantes trazida...
Um senhor que ali entrou
subiu da rampa ao convés
e com olhos do passado
quedou-se como encantado
e como com ele tivesse
um encontro marcado.
era a sua Nantes? o seu mundo antigo?
Ficou imóvel, e o que se passou
quem sabe, por sua mente e sua alma...
parecia em transe místico.
Visitante casual, eu, de longe observava,
parecia-me pura poesia, a idéia de ser
e estar num outro mundo,talvez...
Mas o que me ficou guardado,
foi a imagem desse alguém,
que voltara ao passado
a reviver outra vida,
quem sabe ,uma outra história...

guaraciaba ( visita a um navio francês ancorado no porto de Santos em 1992- ECO-RIO)