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domingo, 30 de janeiro de 2011

Cantiga de lembrar

Brincando de esconde-esconde
Tu te escondeste tão bem
Para onde que tu foste
que eu nunca mais te encontrei?
Éramos crianças, éramos crianças...
Sei que hoje me procuras
e eu te procuro também...
Naquela de esconde-esconde
Minha fita se perdeu
Tu perdeste o anel,
aquele que nunca foi meu...
Tanta prenda , tanta prenda...
sei que ainda me procuras
E eu te procuro também.

guaraciaba Perides (2009)

sábado, 29 de janeiro de 2011

Versos eternos de Cecília (Cecilia Meireles)

Não sou alegre, nem sou triste, sou poeta.
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Em que espelho, ficou perdida minha face?
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Meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
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Não tenho inveja às cigarras,
também vou morrer de cantar.
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O pensamento é triste, o amor insuficiente
E eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
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Vivendo de nunca chegar a ser
....................................................................
Que és e não sabes, porque não me escutas...
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Levai-me aonde quiserdes!-Aprendi com as primaveras
A deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.
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Pois vivemos do que perdura
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Via-se morrer o amor
de braços abertos
Uma espuma azul andava
nas areias desertas.
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Aqui está minha herança.Este mar solitário
Que de um lado era amor e, do outro esquecimento.
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Nota: versos esparsos retirados da Antologia Poética de Cecília Meirelles.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Parque das Flores (Letra para uma canção infantil)



Miosótis, flor de lis,
Sempre- vivas, bem -me quer,
São camélias glamorosas,
margaridas tão singelas
e perfumados jasmins...
Olha os cravos pintadinhos
e as petúnias amarelas,
as roxinhas violetas,
espantados girassóis...
As boquinhas de leão,
as begônias vermelhinhas,
perfumosas entre as flores
das flores deste jardim...
Veja as dálias rechonchudas
matronas deste lugar,
revelam com singeleza
sua distinta beleza...
As orquídeas esquisitas
com delicado mistério,
vestidas com cores várias
de super fina nobreza...
E entre tantas as flores
deste lindo bem viver,
vive a rosa esplendorosa,
como flor que se destina
a ser sempre a mais formosa,
rainha por eleição,
reinando como se deve
na alma e no coração.


Guaraciaba Perides (2005)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Reflexão

Vamos percorrendo labirintos
Como num jogo de espelhos,
uma porta, dentro de uma porta,
dentro de outra porta.
Somos um, somos mil...
será taõ complicado assim?
Ou se o sol claro que nos ilumina
nos faz sorrir e até amar,
ou, se a lua que de tão branca
como uma jóia nos faz sonhar...
Deixe que a chuva caia fresca sobre sua face,
deixe que o morno de suas lágrimas lhe purifique,
lave sua alma no orvalho da madrugada.
Deixe os labirintos para que se percam
os metafísicos,
Viva a vida plenamente, ame plenamente
que a vida é gozo e alegria,
que tudo mais é fantasia!
Que a vida faz a vida renascer a cada instante
e em cada traço do mistério se revela,
brota uma flor, amadurece o fruto,germina
uma semente, nasce uma criança.
Apenas a vida é tudo eternamente...
Pense uma viagem, só de ida, que se resolve
em si, sem porto de chegada ou de partida.
No seu prazer sempre de ir, usufruindo o tempo
em toda a plenitude do existir agora.
Não passou, nem virá ser.
Apenas é, apenas sou!

Guaraciaba Perides (2008)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Primeiro Amor

Assim passou o tempo de uma história
Foi apenas sonho, nada mais,
Realidade? somente fantasia
da alma que iniciava
no tempo de existir o amor primeiro,
iniciação da vida ou de quimera incerta
nada mais...
E o que restou de tantos sonhos não vividos?
Pássaros sem asas
flores sem perfume
Vozes que sem canto
não celebraram o encanto
do primeiro amor...
Passou o sonho como brisa leve
como uma promessa não cumprida,
delineado esboço em uma tela em branco...
No coração, gravada a ferro e fogo,
uma emoção sofrida.
E com tantos atributos de paixão inclusa,
não concretizou, nem quis fazer memória.
Ficou plantado n alma
como semente ideal de um sonho
e nada mais...


Guaraciaba Perides (2011)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Alma do Mundo

Nesta altura da jornada
Muitas são as lembranças
Pelos caminhos trilhados
quase como uma história
que alguém tivesse contado.
Vejo a menina pensativa
debaixo de um caramanchão
Sonhando que fosse um castelo
de um outro mundo encantado.
Era tão pequena, então,
mas, algo estranho havia,
como se a mente soubesse
o que ainda não sabia.
Certas imagens, concretas no pensamento
e que nunca fora por nenhuma experiência...
trazidas de outras vivências(?)
Acompanhando dois mundos,
a menina vivia por fora
o que existia por dentro...
As lembranças se embaralham
em cenas descontruídas,
revistas folhadas a esmo
traziam mensagens eloquentes
de algo que não diziam,
mas que a compreensão intuía...
E a partir do pensamento, ainda em forma de embrião,
uma lógica do abstrato
aos olhos da menina
fazia um sentido obscuro
de algo que ela entendia...
Subjacente à memória
no fundo de um poço sem fundo,
mergulhada por inteiro
dentro da Alma do Mundo.

Guaraciaba Perides (2010)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Flor Amorosa (História da Música Popular Brasileira)


Flor amorosa,compassiva,sensitiva,vem porque
É uma rosa orgulhosa,presunçosa, tão vaidosa
pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor
Oh, dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor
Em uma taça perfumada de coral
Um beijo dar não vejo mal
É um sinal de que por ti me apaixonei
Talvez em sonhos foi que te beijei
Se tu pudesses extirpar dos lábios meus
Um beijo teu tira-o por Deus
Vê se me arrancas esse odor de resedá
Sangra-me a boca,é um favor, vem cá
Não deves mais fazer questão
Já perdi, queres mais, toma o coração
Ah, tem dó dos meus ais, perdão
Sim ou não, sim ou não
Olha que eu estou ajoelhado
A te beijar, a te oscular os pés
Sob os teus, sob os teus olhos tão cruéis
Se tu não me quiseres perdoar
Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar
Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim
A mim, a mim
Oh, por que juras mil torturas
Mil agruras, por que juras?
Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê
Só por um beijo, um gracejo, tanto pejo
Mas por quê?


A primeira composição de música popular urbana
que fugia dos ritmos importados da Europa e que
apresentava um caráter mais brasileiro, um Choro
gênero nascente na história da m.p.b.
Música de Joaquim da Silva Calado publicada pela primeira vez
em 1880 e gravada em 1902 pela Casa Edson.
A letra foi posta posteriormente po Catullo da Paixão Cearense
e primeira gravação de letra e música data de 1929 , gravadora Colúmbia.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pelo vôo de Deus quero me guiar (Jorge de Lima)

Não quero aparelhos
para navegar.
ando naufragado,
ando sem destino.
Pelo vôo dos pássaros
Quero me guiar
Quero Tua mão
Para me apoiar
Pela Tua mão
Quero me guiar.
Quero o vôo dos pássaros
Para navegar.
Ando naufragando,
ando sem destino,
Quero Teus cabelos
Para me enxugar!
Não quero ponteiro
Para me guiar.
Quero Teus Dois Braços
Para me abraçar.
ando naufragado,
Quero Teus Cabelos
Para me enxugar.
Não quero bússolas
Para navegar,
Quero outro caminho
Para caminhar.
Ando naufragado,
Ando sem destino,
Quero Tua Mão
Para me salvar.

Jorge de Lima (Obra Poética.Editora Getúlio
costa,Rio de Janeiro,1950,p.276-277)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O gesto (Guilherme de Almeida)

Houve um gesto de mão amiga
Na paisagem da minha vida
Mas era um gesto de adeus.

Acenando no alto e de longe
Parecia céu e horizonte
Mas era um gesto de adeus

Ele fez florir o caminho
desolado do meu destino
Mas era um gesto de adeus

Fez cantar ao mesmo compasso
Do meu coração o meu passo
Mas era um gesto de adeus

Sua sombra foi luz que envolve
Sua luz foi sombra que acolhe
Mas era um gesto de adeus

E pensei poder alcançá-lo
E atirei as mãos para o alto
Mas era um gesto de adeus

E baixaram as mãos vazias
Sob o gesto que prometia
Mas era um gesto de adeus.


Guilherme de Almeida

domingo, 9 de janeiro de 2011

Agora, o que eu faço? ( letra para um samba)

Não poderia ter sido diferente
Se entre a gente foi sempre assim
Pois, para nós, o não do não,
como sempre foi sempre um sim...
E agora, o que ,que eu faço
deste meu cantar?
me diz , o que ,que eu faço
deste meu sonhar?
Pretendia encontrar você um dia
na virada de um caminho qualquer
Mas não estava escrito
na linha do destino...
e agora, o que , que eu faço deste meu sonhar
me diz , o que, que eu faço deste meu cantar...


Guaraciaba Perides (2001)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Nostalgia

"no entanto é preciso sonhar"

cantar uma canção as vezes ajuda,
mas nem sempre...
Por que o travo na boca,
por que o sorriso forçado,
por que a alegria contida,
por que os olhos que choram
e a alma resiste?

Vontade de voar e vontade
de ventania,
Vontade de alto mar
em mares de navegantes
em busca de novos mundos...

Saudades? Talvez.
Só o passado insiste
como a grama do vizinho
que é mais verde...

Mas que nada...como sonho ancestral
da busca... o que nos move?
Qual o sonho definitivo
de indizível alcance?

Sonho de Neanderthal e outros sapiens
que pintavam nas cavernas, mãos humanas,
registrando a presença da alma inquieta;
"De onde viemos...
para onde vamos?"


Guaraciaba Perides (2010)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Algumas lembranças

O tempo passa pelos cabelos,
pelos ossos, pelos dentes.
O tempo passa pelo próprio tempo.
Pelos olhos da criança
passa o tempo...
e vai marcando paisagens,
risos e cores.
As vezes uma canção,
uma luz de luar,
Um riso nos escuro,
lembrança de um perfume de flor.
Uma mão amiga, um abraço terno
que ficou eterno...
Um jogo de sombras na parede,
uma cantiga de roda,
brinquedo de trava língua,
uma história de fadas.
Um leite morno,
um bolinho de chuva,
uma boneca de pano.
Correria com as primas,
um jogo com as tias ainda moças,
uma certeza da vida...
Um sumo de frutas nos dentes
e no peito um cofre aberto
para os guardados da vida.


guaraciaba Perides(2008)