Um casebre no sertão
Pobre mulher
Cuida de seus filhos
à exaustão!
A pobreza lhe corrói por dentro
e o alimento é pouco, quase sempre.
Sem água a terra é ressequida ...
talvez tenha sido, um dia, fértil,
com rios claros e farta em peixes,
como era então.
Apesar da miséria a mulher ainda tem sonhos...
E por acaso raro ganhou de alguém
como prenda, um lindo prato azul!
No casebre, o prato era uma 'jóia'
que transferia ao alimento
alguma dignidade de melhor.
Todos queria comer no prato azul!
As crianças empolgadas disputavam
e discutiam seus direitos...o maior, o menor,
a menina , o rapaz!
Coube à mãe a decisão
Todos teriam seus direitos e todos comeriam
no belo prato azul
Um de cada vez, a começar do mais novo,
e na sequência, um a um, teria sua vez.
A mãe seria a última a comer.
Mas todos teriam a alegria
de um momento de requinte e
todos fartariam de seus sonhos,
compartilhando a pequena jóia,
na riqueza moral que não se pode comprar.
Uma pobre mulher, simples e sem cultura,
rica em sabedoria digna de Salomão!
Em sua decisão, muito além do existir
do agora...ensinou a seus filhos que
num simples ato,
todos podem ser felizes sendo iguais!
E na solidariedade e na felicidade da partilha
o gosto pela vida faz sempre o sonho
possível de alcançar.
Guaraciaba Perides
Reflexão : as decisões do espírito transcendem aos compêndios de filosofia
São inatos e procedem de uma sabedoria superior.
* Fato verídico oriundo de uma reportagem que assisti pela T.V.