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quarta-feira, 30 de junho de 2021

A PRENDA*

Um  casebre no  sertão

Pobre  mulher

Cuida  de  seus  filhos

à  exaustão!

A  pobreza  lhe  corrói  por  dentro

e  o  alimento  é  pouco,  quase  sempre.

Sem  água  a  terra  é  ressequida ...

talvez  tenha  sido,  um  dia,  fértil,

com  rios  claros  e farta  em  peixes,

como  era  então.

Apesar  da  miséria  a  mulher  ainda  tem  sonhos...

E  por   acaso  raro  ganhou  de  alguém

como  prenda,  um  lindo  prato  azul!

No  casebre,  o  prato  era  uma 'jóia'

que  transferia  ao  alimento

alguma   dignidade  de  melhor.

Todos  queria  comer  no  prato  azul!

As  crianças  empolgadas  disputavam

e  discutiam  seus  direitos...o  maior,  o  menor,

a  menina  , o  rapaz!

Coube  à  mãe  a  decisão

Todos  teriam  seus  direitos e  todos  comeriam

no  belo  prato  azul

Um  de  cada  vez,  a  começar  do  mais  novo,

e  na  sequência, um  a  um, teria  sua  vez.

A  mãe  seria  a  última  a  comer.

Mas  todos  teriam   a  alegria  

de  um  momento  de  requinte e 

todos fartariam  de  seus  sonhos,

compartilhando  a    pequena  jóia,

na  riqueza  moral  que não  se  pode  comprar.

Uma  pobre  mulher,  simples  e  sem  cultura,

rica  em  sabedoria   digna  de  Salomão!

Em  sua  decisão,  muito  além  do  existir 

do  agora...ensinou  a  seus  filhos que 

num  simples  ato,

todos  podem  ser  felizes  sendo  iguais!

E  na  solidariedade  e  na  felicidade  da  partilha

o  gosto pela  vida  faz  sempre  o  sonho  

possível  de  alcançar.

Guaraciaba  Perides

Reflexão  :  as  decisões  do  espírito  transcendem  aos  compêndios  de  filosofia

                    São  inatos e  procedem  de  uma  sabedoria  superior.

*  Fato  verídico  oriundo  de  uma  reportagem  que  assisti pela  T.V.



quarta-feira, 23 de junho de 2021

SE EU TIVESSE UM JARDIM...

Se  eu  tivesse  um  jardim

E  nesse  jardim  nascesse  uma  flor

Qual  seria  o  seu  nome?

Qual  seria  a  sua  cor?

Nascida  na  origem  dos  tempos

Seria  de  aurora  e  de  ouro  do  Sol

Seu  aroma   quem  sabe  teria

a doçura  intensa  da  luz  do  luar...

Qual  seria  então  o  seu  nome ,

qual   o  destino,  a  si  mesmo,  daria?

Seu  nome  é  segredo

Ninguém  nunca  soube

Na  espiral  do  destino  de  flor  manifesta

em  idas  e  vindas,

em  vindas  e  idas,

nos  brilhos,  nas  luzes,  nas  águas  das  fontes,

ao  vento  ela  espalha  seu  pólen  em  magia ,

e  em  dança  ela  move  o  Equilíbrio  Perfeito.

Se  eu  tivesse  um  jardim...talvez  fosse  a  flor

do  Amor   preferida.

Essa  flor  que  parece

nascer  num  instante,

no  exato  momento

mistério  sem  causa,

motivo  ou  efeito...

Ofusca  a  mente,

entorpece  receios,

assombra  seus  medos

e  nada  esclarece.

Só  faz  o  que   entende

de  céu  e  infinito...

e  no  Mar   da  Alegria

em  ondas  espraia

e  afinal  desabrocha!

Se  eu  tivesse  um  jardim...

Talvez  fosse  a  flor  

do  Amor  preferida.


Guaraciaba  Perides


A    FLOR  DO   AMOR  PERFEITO



quarta-feira, 16 de junho de 2021

UM TEMPO DE DELICADEZA

Houve  um  tempo de  delicadeza?

dizem  que  sim  os  saudosistas

Dizem  que  não o  sofredores

Para  onde  foram  os trovadores

que  cantavam às suas  formosas damas

as  doçuras  do  amor  em  madrigais?

Enquanto  as  bruxas  se  queimavam  em

fogueiras,  por  motivos vários  ou  inconfessos...

Nos  campos   as  flores  e os trigais  maduros

balançavam  ao  vento,

Enquanto  os  sinos  de  bronze  com seus  sons  vibrantes

marcavam  o  tempo  da  delicadeza...

os  servos  viviam  nas  agruras  do  desleixo,

das  doenças e  da  miséria,  nas enxergas.

Os  vitrais  das  Igrejas  centenárias  faiscavam luzes

em  meio  as  sombras  densas,

enquanto  cânticos  sagrados  ecoavam...

Nas vielas e nos  becos  encardidos apenas  o  respiro

do  comércio  ilegal  da  vida   humana.

Nos  saraus  as  donzelas  suspiravam.

adornadas  por  leques  e  por  plumas...

os  cavaleiros  respeitosamente  beijavam flores

que  a  elas seriam  ofertadas.

Longe  dos salões,  na  senda  do  cansaço,

os escravos  entoavam seus  cantos  de  senzala.

Nos  portos  as  riquezas  abundavam  nos  navios,

sedas,   perfumes e  essências  raras...

no cais  imundo  ,  a  sobrevida do  comércio  humano

e  na  praça  do  comércio ,  escravos  abundavam

e  eram   vendidos  como  peças!

Houve  um  tempo  de  delicadeza?

Os  Reinos  se  sustentam  pelo  dom  divino

e a  plebe  se  arrasta  pelo  mal  dos  pensamentos

Até  que a  ORDEM  NATURAL  DAS  COISAS

coloque tudo  em  seus eixos!

As  rodas  da  engrenagem  a  tudo  serve

para  construir  um   Mundo   Novo.

Os  servos,  agora  operários,  marcam  com  

orgulho os Estatutos.

Mas  o  Grande  Capital  é  o  Senhor  das Coisas

prováveis  e  improváveis.

Atola-se  o  mundo  com  apetrechos

que  servem  para  tudo  e  para  todos...

Admirável  Mundo  Novo!

Abrem-se  as  bocarras  das  usinas...e

sempre  tomam  seus  lugares,  os  seus  senhores.

Os  operários   em massa ondulante

submetem-se  à  ordem  mercenária....

No    novo  patamar  em  que  se  encontram,

homens  e  mulheres  em  seus  anseios,

vivem  sempre  na  busca  infinita

de  suficiente  Amor  que  se  revele  enfim...

num  Tempo de  Delicadeza.

Houve  um  tempo  de  delicadeza ?

Dizem  que  não  os  sofredores...

Dizem  que  sim  os  sonhadores...



Guaraciaba    Perides.






sexta-feira, 4 de junho de 2021

VIDAS PARALELAS

Somos  sonhos ,  somos  realidade

Somos  aqueles  que  no  tempo  enfrentamos  ventos

Mas  que   nos  sonhos  temos  liberdade.

Afinal,  somos  um  ou  somos  vários?

Aquele  que   conheceis é  o  perfil  do  real

ou  dos  seus  sonhos?

Projeto  idealizado  ou  protótipo  do  acaso?

-  No  real com  o  suporte  da   matéria

talvez  seja  aquele  que  se  transforma,

cresce  e  envelhece...

E  que  nos  sonhos  ,  aquele  paradigma ,

da alma  que  imutável  escuta e  observa;

e  quando  muito  transforma  em  signos

o  que  sentis  por  dentro, o  que   sofreis  por  fora...

Vidas  paralelas  seguem  no  rumo  do   Infinito,

quão  infinito  seja o  Encontro

quão  infinita  seja  a  Verdade  ou  o  Mito.

Afinal, somos um  ou  somos  vários?


Guaraciaba   Perides.



  Um  quadro  de  Picasso :  Mulher  ao espelho