Desta famosa obra selecionei alguns textos com a finalidade de apresentar aos meus amigos e também para guardar na memória alguns pensamentos da filosofia poética de Omar Káyyám ,poeta persa que viveu de 1040 a 1125. foram retirados da obra traduzida por Octávio Tarquínio de Souza , publicada pela Livraria José Olympio Editora S.A.- Rio de Janeiro-Brasil - 15 edição- 1979
Dos 162 textos escolhi os que se seguem:
4- Que a tua sabedoria não seja
uma humilhação para o teu próximo.
Guarda domínio sobre ti
mesmo e nunca te
abandones à cólera.
Se aspiras á paz definitiva
sorri ao Destino que te fere;
não firas ninguém.
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9- Como é vil
o coração que,
incapaz de amar, não pode
conhecer o delírio da paixão!...
Se não amas, és indigno
do sol que te ilumina,
da lua que te consola.
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13- Deixemo- nos
de palavras vãs.
Levanta- te e dá-me
um pouco de vinho.
Esta noite tua boca é a mais
bela rosa do mundo e basta
para todos os meus desejos.
Dá- me vinho.
Que ele seja corado, como as
tuas faces, e o meu remorso
será leve como as tuas tranças.
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14- A brisa da
primavera renova
as rosas e, na sombra azul
do jardim, acaricia
o rosto da minha amada.
A despeito da ventura que
já gozei, sou tão feliz hoje
que não me lembro de ontem:
esqueço o passado....
É tão imperioso o prazer
deste momento...
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52- Tu, cujas
faces tiveram
por modelo as flores
do campo, cujo rosto parece
o de um ídolo chinês,
saberás acaso que o teu
olhar de veludo, fez o rei
da Babilônia igual ao
bispo do jogo de xadrez
que foge da rainha?...
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60- Senta-te e
bebe, que serás
mais feliz que Mahmud.
Escuta as melodias que
exalam as harpas dos
amantes: são os verdadeiros
salmos de David.
Não mergulhes no passado,
não sondes o futuro.
Que o teu pensamento nõ
vá além do momento presente:
eis o segredo da paz!...
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104- Olha!
Escuta!
Uma rosa treme
ao sopro da brisa.
E um rouxinal lhe entoa
um canto apaixonado.
Uma nuvem parou.
Bebamos o vinho.
Esqueçamos que brisa
desfolhou a rosa, e levará o
canto do rouxinol e a nuvem
que nos dá neste momento
uma sombra tão preciosa.
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105- A abóbada
celeste sob a qual
vivemos é comparável a uma
lanterna mágica ,
de que o sol é a lâmpada.
E nós somos as figurinhas
que se movem.
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111- As flores
do céu deixam cair
as suas pétalas de ouro,
e não sei por que o meu
jardim ainda
não está todo atapetado..
Como o céu espalha as
flores sobre a terra,
eu encho a minha a minha taça
de um vinho cor de rosa!...
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116- O vinho tem
a cor das rosas.
O vinho não é talvez
o sangue das vinhas
mas do rosais.
Esta taça talvez não seja
de cristal, mas do próprio
azul do céu congelado.
A noite é talvez
a pálpebra do dia.
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120- Homem, se
este mundo é uma miragem,
por que te desesperas,
por que pensas sem tréguas
na tua miserável condição?
Abandona tua alma
à fantasia das horas.
Teus destino está escrito.
Nenhuma emenda adiantará.
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Nota: escolhi por gosto pessoal algumas das vertentes da poética de Omar Káyyám
cuja obra é riquíssima na sua filosofia existencial...merece ser conhecida, refletida e discutida em plenitude.
quadro de PICASSO