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terça-feira, 19 de abril de 2022

RUBÁIYAT ( DE OMAR KHÁYYÁM ) TRADUÇÃO DE OCTÁVIO TARQUÍNIO DE SOUZA

Desta  famosa  obra  selecionei  alguns  textos com  a  finalidade  de  apresentar aos  meus amigos e  também  para  guardar  na  memória  alguns  pensamentos  da  filosofia  poética  de  Omar  Káyyám  ,poeta persa que viveu  de  1040 a  1125.  foram  retirados  da  obra  traduzida  por  Octávio  Tarquínio  de  Souza , publicada pela  Livraria  José  Olympio Editora  S.A.-  Rio  de  Janeiro-Brasil -  15  edição- 1979
Dos  162  textos  escolhi  os  que  se  seguem:



4-   Que  a  tua  sabedoria  não  seja
uma  humilhação  para  o  teu  próximo.
Guarda  domínio  sobre  ti  
mesmo  e  nunca  te
abandones  à  cólera.
Se  aspiras   á  paz  definitiva
sorri  ao  Destino  que  te  fere;
não  firas    ninguém.

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9-  Como  é  vil
o  coração  que,
incapaz  de  amar,  não  pode
conhecer  o  delírio  da  paixão!...
Se  não  amas,  és  indigno
do sol  que  te  ilumina,
da  lua  que  te  consola.

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13- Deixemo- nos 
de  palavras  vãs.
Levanta- te  e  dá-me
um  pouco  de  vinho.
Esta  noite  tua  boca é a  mais
bela  rosa  do  mundo  e  basta
para  todos  os  meus  desejos.
Dá- me  vinho.
Que  ele  seja  corado,  como  as
tuas  faces, e o  meu  remorso
será  leve  como  as tuas  tranças.

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14- A  brisa  da  
primavera  renova
as  rosas e,  na  sombra  azul
do  jardim,  acaricia
o  rosto  da  minha  amada.
A  despeito  da  ventura  que
já  gozei,  sou  tão  feliz  hoje
que  não  me  lembro  de  ontem:
esqueço  o  passado....
É  tão  imperioso  o  prazer 
deste  momento...

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52-  Tu,  cujas
faces  tiveram
por  modelo  as  flores
do  campo,  cujo  rosto  parece
o  de  um  ídolo  chinês,
saberás  acaso  que  o  teu
olhar  de  veludo, fez  o  rei
da  Babilônia  igual ao  
bispo  do  jogo  de xadrez
que  foge  da  rainha?...

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60-  Senta-te e
bebe,  que  serás
mais  feliz   que  Mahmud.
Escuta  as  melodias  que  
exalam  as  harpas  dos  
amantes: são  os  verdadeiros
salmos  de  David.
Não  mergulhes  no  passado,
não  sondes  o  futuro.
Que  o  teu  pensamento  nõ
vá  além  do  momento  presente:
eis  o  segredo  da  paz!...

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104-   Olha!
Escuta!
Uma  rosa  treme
ao  sopro  da  brisa.
E  um  rouxinal  lhe  entoa
um  canto apaixonado.
Uma  nuvem  parou.
Bebamos  o  vinho.
Esqueçamos  que    brisa
desfolhou  a  rosa,  e  levará o
canto  do  rouxinol  e  a  nuvem
que  nos  dá  neste  momento
uma  sombra  tão  preciosa.

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105-  A  abóbada  
celeste  sob  a  qual
vivemos  é  comparável  a  uma
lanterna  mágica ,
de  que o  sol  é  a  lâmpada.
E  nós  somos  as  figurinhas
que  se  movem.

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111- As  flores
do  céu  deixam  cair
as  suas  pétalas  de  ouro,
e  não  sei  por  que  o  meu
jardim  ainda
não  está  todo  atapetado..
Como  o  céu espalha  as  
flores  sobre  a  terra,
eu  encho  a  minha  a  minha  taça
de  um  vinho  cor  de  rosa!...

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116-   O  vinho  tem
a  cor  das  rosas.
O  vinho  não  é  talvez
o  sangue  das  vinhas
mas  do  rosais.
Esta  taça  talvez  não  seja
de  cristal,  mas  do  próprio
azul   do  céu  congelado.
A  noite  é  talvez
a  pálpebra  do  dia.

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120-    Homem,  se
este  mundo  é  uma  miragem,
por  que  te  desesperas,
por  que  pensas  sem  tréguas
na  tua  miserável  condição?
Abandona  tua  alma
à  fantasia  das  horas.
Teus  destino  está  escrito.
Nenhuma  emenda  adiantará.

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Nota:  escolhi  por  gosto  pessoal  algumas  das  vertentes  da  poética  de  Omar  Káyyám 
cuja   obra  é  riquíssima    na  sua  filosofia  existencial...merece  ser  conhecida,  refletida e  discutida  em  plenitude.




 quadro  de  PICASSO




4 comentários:

  1. Olá Guaraciaba querida


    Que lindo, não conhecida nada desse autor, mas gostei.


    Beijos
    Ani

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  2. Obrigada Ani pelo comentário! de fato é uma obra preciosa e merece ser conhecida de forma aprofundada. Esta vertente trata do prazer de fluir o momento da existência .
    Um abraço

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  3. Olá, Guaraciaba, uma postagem excelente que certamente, agradará aos amantes da poesia.
    Omar Káyyám deixou uma obra da melhor qualidade poética. Vi que esses poemas estão no livro editado pela José Olympio Editora. O livro que tenho de Omar Káyyám foi publicado pela Civilização Brasileira, na década de 70. Mas não deixei de ler aqui essa magnífica obra.
    Um bom final de semana, com saúde e paz.
    Abraços.

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  4. oi, Pedro, a edição que eu tenho em casa é a décima quinta e está datada de l979 e faz parte de uma coleção denominada SAGARANA. O prefácio da primeira edição do tradutor data de l928. O interessante desta edição é que traz uma carta de Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde) escrita em 1928 fazendo considerações filosóficas e religiosas com o o tradutor Octávio Tarquínio de Souza... considerações preciosas que trazem uma riqueza a mais. vale a pena conhecer uma vez que Omar Káyyám vai muito mais longe em termos de uma visão existencialista da vida e do seu propósito. Acho este livro uma jóia.
    Um abraço

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