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quarta-feira, 16 de junho de 2021

UM TEMPO DE DELICADEZA

Houve  um  tempo de  delicadeza?

dizem  que  sim  os  saudosistas

Dizem  que  não o  sofredores

Para  onde  foram  os trovadores

que  cantavam às suas  formosas damas

as  doçuras  do  amor  em  madrigais?

Enquanto  as  bruxas  se  queimavam  em

fogueiras,  por  motivos vários  ou  inconfessos...

Nos  campos   as  flores  e os trigais  maduros

balançavam  ao  vento,

Enquanto  os  sinos  de  bronze  com seus  sons  vibrantes

marcavam  o  tempo  da  delicadeza...

os  servos  viviam  nas  agruras  do  desleixo,

das  doenças e  da  miséria,  nas enxergas.

Os  vitrais  das  Igrejas  centenárias  faiscavam luzes

em  meio  as  sombras  densas,

enquanto  cânticos  sagrados  ecoavam...

Nas vielas e nos  becos  encardidos apenas  o  respiro

do  comércio  ilegal  da  vida   humana.

Nos  saraus  as  donzelas  suspiravam.

adornadas  por  leques  e  por  plumas...

os  cavaleiros  respeitosamente  beijavam flores

que  a  elas seriam  ofertadas.

Longe  dos salões,  na  senda  do  cansaço,

os escravos  entoavam seus  cantos  de  senzala.

Nos  portos  as  riquezas  abundavam  nos  navios,

sedas,   perfumes e  essências  raras...

no cais  imundo  ,  a  sobrevida do  comércio  humano

e  na  praça  do  comércio ,  escravos  abundavam

e  eram   vendidos  como  peças!

Houve  um  tempo  de  delicadeza?

Os  Reinos  se  sustentam  pelo  dom  divino

e a  plebe  se  arrasta  pelo  mal  dos  pensamentos

Até  que a  ORDEM  NATURAL  DAS  COISAS

coloque tudo  em  seus eixos!

As  rodas  da  engrenagem  a  tudo  serve

para  construir  um   Mundo   Novo.

Os  servos,  agora  operários,  marcam  com  

orgulho os Estatutos.

Mas  o  Grande  Capital  é  o  Senhor  das Coisas

prováveis  e  improváveis.

Atola-se  o  mundo  com  apetrechos

que  servem  para  tudo  e  para  todos...

Admirável  Mundo  Novo!

Abrem-se  as  bocarras  das  usinas...e

sempre  tomam  seus  lugares,  os  seus  senhores.

Os  operários   em massa ondulante

submetem-se  à  ordem  mercenária....

No    novo  patamar  em  que  se  encontram,

homens  e  mulheres  em  seus  anseios,

vivem  sempre  na  busca  infinita

de  suficiente  Amor  que  se  revele  enfim...

num  Tempo de  Delicadeza.

Houve  um  tempo  de  delicadeza ?

Dizem  que  não  os  sofredores...

Dizem  que  sim  os  sonhadores...



Guaraciaba    Perides.






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