Na Comédia estreada em 1635, Calderón de La Barca escreve o famoso monólogo do Príncipe Segismundo, uma das mais belas páginas da literatura. A Vida é um Sonho:
1-
É certo, então reprimamos
Esta fera condição.
Esta fúria, esta ambição,
pois pode ser que sonhemos;
e o faremos, pois estamos
em um mundo tão singular
que o viver é só sonhar
e a vida ao fim nos imponha
que o homem que vive sonha
o que é , até despertar.
2-
Sonha o rei que é rei, e segue
com esse engano mandando,
resolvendo e governando.
E os aplausos que recebe,
vazios , no vento escreve
e em cinzas sua sorte
a morte talha de um corte.
E há quem queira reinar
vendo que há de despertar
no negro sonho da morte?
3-
Sonha o rico a sua riqueza
que trabalhos lhe oferece;
sonha o pobre que padece
sua miséria e pobreza;
sonha o que o triunfo preza,
sonha o que luta e pretende
sonha o que agrava e ofende
e no mundo, em conclusão,
todos sonham o que são,
no entanto ninguém entende.
4-
Eu sonho que estou aqui
de correntes carregado
e sonhei que em outro estado
mais lisonjeiro me vi.
Que é a vida ? um frenesi
Que é a vida? uma ilusão;
uma sombra, uma ficção;
O maior bem é tristonho
porque toda a vida é um sonho
e os sonhos, sonhos são.
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"Morrer, dormir, dormir talvez sonhar ..." William Shakespeare
Sonhos são sempre sonhos,sendo muitas vezes nos parecendo reais.
ResponderExcluirE assim podemos pensar que a vida é um sonho.
Lindo Guaraciaba.
Bjs e um ótimo domingo.
Carmen Lúcia.
Oi, Carmen...as vezes é difícil distinguir entre um e outro... mesma indagação do poeta há mais de quatrocentos anos.
ResponderExcluirUm abraço e obrigada
Belíssimo poema. Pobre de nós sem os sonhos . Um abraço.
ResponderExcluirOi, Lourdinha, concordo com você, mas façamos força para que sejam bons e que Deus nos ajude.
ResponderExcluirUm abraço
Há quem diga que os clássicos já tudo disseram, nós apenas esgravatamos nas suas palavras, padecendo de memória.
ResponderExcluirGostei muito do post. Profundíssimo!
Abraço
Oi, A.C....é verdade...depois de ler um poema clássico compreendemos a sua condição de alcançar a plenitude das inquietações humanas em qualquer tempo e contexto.
ExcluirUm abraço