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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

O EU NO TEMPO E NO VENTO

 I-

Antigos  Faraós  em  suas  tiaras  de  poder

esquecem  que  são  apenas  humanos.

Os  Reis  Assírios  de  longas  barbas

trabalhadas  em  caracóis  de  pedra.

altivos de  soberba  imperial  da  raça.

Os  Reis  por  Direito  Divino  esquecem

o  sangue  que  lhes  flui  nas  veias

e  como  escolhidos  olham  de  cima

de  seu  pedestal  de  glória.

No  mais  escuro  da  selva  profunda

o  Rei  da  tribo  coloca  em  seu  corpo

o  manto  de  pele  da  pantera 

morta  em  combate.

Todos  heróis  da  História,  todos  mitos

em  narrativas  de  maravilhosos  feitos.

Todos  mortos...


II-

Passou  o  vendaval

assim  como  também

passaram  dias  de  sol.

Chegaram as  chuvas e 

transbordaram  os  rios...

Aves  fizeram  seus  ninhos

e  em  ninhos...ninhadas

e  depois  se  foram...

E  também  passaram...passarinhos.

Os  homens  passaram

Criaram  seus  mitos

Contaram  histórias

Sofreram  seus  medos

Cantaram  seus  cantos,

beberam,  dançaram e depois  passaram.

A  lua  inquieta  percorre  o  céu

no  seu  desvario

-Em  que  ponto do  mundo ela

encontra  o  sossego ?

Se  as  nuvens  flutuam  e

a  vestem  de  véus... depois  se  vão 

como  de  passagem.

São  idas  e  vindas,  de  roupagens  várias,

vestem-se  as  paisagens,  as  flores  e  os  frutos

e  perpassam  por  elas  o  tempo  e  o  vento.

No  fio  da  História,  em contos    e  cantos

na  memória  do  Sol  a  vida  se  constrói

em  eterno  movimento.


III-

O  Tempo  no  vento

percorre  os  caminhos

que  foram  desfeitos.

Perderam-se  os  sonhos

em  doces  passagens

da  Sua  presença.

E  pelas  estradas

em  campos  de  estrelas

e de  amores  intensos...

as  luzes  do  afeto

assim  permanecem

no  tempo  e  no  vento.

E  tais  sentimentos

que  ficam `à  deriva

de  outros  momentos...

São  leves  perfumes

da mais  mansa  brisa

que  um  gesto  mais  breve

marcaram  a  lembrança 

da  Sua  presença.

E  fica  assim,  como  que  suspenso,

sentindo  o  tempo  e  vigiando o  vento...

Na  esperança  que  o  vento traga

de  volta  o  tempo,

da  doce  passagem

da  Sua  presença.


Guaraciaba   Perides. 



Quadro  de  Van  Gogh

4 comentários:

  1. Sua poesia sempre me encanta...nela tudo flui com musicalidade e profundidade de pensamento.
    Realmente, a soberba humana é enorme, e a morte do corpo físico dela zomba com escárnio, atirando na mesma escuridão do esquecimento o rei e o servo.
    Uma feliz semana! Abraços!

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    1. Obrigada pelo comentário...de fato a humanidade passa pela vida sem usufruir de sua maravilhosa condição de sua beleza efêmera.
      um abraço

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  2. Boa tarde minha querida amiga Guaraciaba. Infelizmente muitos são como os faraós e assírios. Fazem conquista e passam por cima de qualquer pessoa.

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  3. Obrigada Luiz pelo comentário... eles passam pela vida enganados pelos seus próprios Egos e como pó se desmancham no tempo.
    Um abraço

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