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terça-feira, 23 de novembro de 2021

AQUELE BAILE ANTIGO (círculos finitos)

Os  sons  em  valsas  se  desdobram e  ecoam  em  tempos

que  se  fecham e  se  refazem  em  círculos  finitos

na  amplitude  de  um  único  minuto...

A  rosa  se  desmancha  em  pétalas  macias

enquanto  em  rendas  e  cetins  abrem-se  os  leques

perfumados...olhares  de  sorrisos  ocultos,  faces

coradas, jogos  de  fitas,  brinquedos  de  salão.

Nos  cristais  dos  candelabros,  velas  tremeluzem  brilhos.

Como  num  quadro  a  cena se  repete  em  lento  movimento...

A  valsa  ecoa  pelos  cantos e  os  sons  que   buscam  frestas

e  janelas

escapam  pela  noite  em  busca das  estrelas.

Perfumes  de  jasmim!

A  lua  lá  no  alto  esmaecida!

As  vozes,  os  cantos  e  os  risos  se  perdem  na  amplidão...

É  morno  o  ar  da  primavera e  em  tudo  que  respira  há

o  sonho  de  existir  de  então..

É  somente  um  átimo  de  tempo,  somente  uma  visão...

Foi  de  fato  ou  ilusão?

Restam  as  pétalas  macias  espalhada  pelo  chão.

...............................................................................................

Fecho  os  olhos...e  quando  abro  a  casa  ainda  existe

quase  que  oculta  no  emaranhado  de  folhagens  maltratadas...

É  tudo  em  abandono,  um  quase  nada.

Para  onde  foram  os  brilhos,  as  luzes  e  os  risos?

Para  onde  foram  os  jogos  de  salão?

Para  onde  foram  os  sons  das  valsas  que  encantaram

a  lua  e  as  estrelas?

Somente  da  sacada  velha  e  descascada  um  gato  dormitava...

Uma  sensação  de  estranhamento  tomou  conta  de  mim!

Na  avenida  em  frente  os automóveis circulam  agora  céleres

e  as  buzinas  e  os  sons  são  de  sempre.

Pessoas  andam  apressadas  na  noite  que  se  fecha

em  busca  da  entrada  do  metrô.

O  círculo  finito  se  fechara e  o  tempo  de  agora  é

outro agora...

As  rosas  ainda  encantam  e  exalam  seus  perfumes

e  nos  círculos que  se  abrem  e  se  fecham 

as  rosas  ainda  espalham  suas  pétalas  pelo  chão.

Também  perdura  o  perfume  de  jasmim!


Guaraciaba   Perides.


Valsa  Brasileira   (Chico  Buarque  e  Edu   lobo) com  Monica  Salmaso


Foi  fato  ou  ilusão ?



8 comentários:

  1. Acho que foi facto. O hoje é bem diferente do ontem, o passado, bem diferente do presente.
    Adorei ler suas poesias, que parecem o contrário uma da outra.

    Abraços. Novo post por lá. Obrigada!

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  2. Oi Céu...também acredito... pelo menos foi real em uma experiência metafísica ou excesso de imaginação. Aconteceu que uma tarde de sábado quando passava pela Avenida Paulista aqui na capital de São Paulo
    A avenida é hoje um importante centro cultural e financeiro mas no passado foi lugar onde os chamados 'barões do café' construíram suas mansões riquíssimas ; com a modernização de suas funções a a avenida se modernizou restando ainda alguns casarões. Ao passar por um deles. eu estava com minha prima amiga, paramos para observar a arquitetura e ao atentar para as sacadas e aspectos de ruínas tive uma espécie de insight e me veio à mente como deveriam ser as festas naquele casarão em sua época de apogeu.Senti uma leve tontura e uma energia emocional muito forte. minha prima me segurou e tudo voltou ao normal. A casa semi abandonada tinha se tornado um abrigo de animais domésticos.Fui para casa e fui pesquisar sobre a história da casa,...mas já é outra história.
    Um abraço









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    1. Boa tarde, querida amiga!

      Muito grata por sua visita e gentil comentário no meu blog.

      Fantástica essa experiência vivenciada por você. Foi algo paranormal, mas foi um facto.

      Vc tem um dom e é muito sensível, decerto.

      Beijos e bom final de semana.

      PS: estive escutando o vídeo de que gostei muito, mas não conheço os cantores. Me parece uma música um pouquinho antiga.

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  3. Pois é, amiga e poeta Guaraciaba, seu poema prendeu-me do início ao fim, quando ainda podia ver que “as rosas ainda espalham suas pétalas pelo chão” – e sentir que que “Também perdura o perfume de jasmim!”.
    Claro que os dois versos acima foram transcritos deste seu belíssimo poema, poema que me fez retornar a um tempo que sequer vivi, onde vi danças, e que eu também dancei, como se dançava antigamente. Apenas fiquei em dúvida quanto a valsa, teria sido de Chiquinha Gonzaga ou de Jacob do Bandolin?
    Parabéns Guaraciaba, por esta sua obra poética de rara beleza!
    Uma ótima emana, com muita paz.

    Um sbraço.

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    1. Obrigada Pedro pelo comentário...de fato dei forma poética a uma experiência verídica. Uma espécie de emoção muito intensa quanto à vida que por lá existiu e uma certa tristeza ao sentir a ruína de um tempo passado, com se "visse" o que houve de alegria nos balcões floridos. Na verdade não sei se de fato foi assim. Procurei saber sobre a casa e descobri que ela estava em processo judicial de partilha de herdeiros e estava para ser tombada, por isso o abandono .Depois 'por acaso' acabei por encontrar um vídeo de um herdeiro remanescente que ficara como responsável pela propriedade e que queixava de não possuir recursos para a manutenção devida e pedindo providências por se encontrar doente e sem dinheiro e de fato ele veio a falecer. Hoje não sei como a casa se encontra.
      Um abraço

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    2. Olá, Guaraciaba.
      Muito interessante a história da casa, que lhe deu inspiração para este belíssimo poema.
      Ao ler esta sua resposta ao meu comentário, vi que “Um abraço”, que deixei para você, quando comentei, está com erro ortográfico, motivo para me desculpar.
      Um BOM final de domingo, Guaraciaba, e uma ótima semana.
      UM ABRAÇO.

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  4. Boa tarde minha querida amiga Guaraciaba. As vezes temos inspiração para escrevermos coisas maravilhosas e de onde menos esperamos. Bom início de semana.

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  5. Oi Luiz, obrigada pelo comentário...lugares que nos inspiram podem ser lembranças que se perderam na consciência coletiva da Alma Humana.Quem sabe...
    Um abraço

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