Os sons em valsas se desdobram e ecoam em tempos
que se fecham e se refazem em círculos finitos
na amplitude de um único minuto...
A rosa se desmancha em pétalas macias
enquanto em rendas e cetins abrem-se os leques
perfumados...olhares de sorrisos ocultos, faces
coradas, jogos de fitas, brinquedos de salão.
Nos cristais dos candelabros, velas tremeluzem brilhos.
Como num quadro a cena se repete em lento movimento...
A valsa ecoa pelos cantos e os sons que buscam frestas
e janelas
escapam pela noite em busca das estrelas.
Perfumes de jasmim!
A lua lá no alto esmaecida!
As vozes, os cantos e os risos se perdem na amplidão...
É morno o ar da primavera e em tudo que respira há
o sonho de existir de então..
É somente um átimo de tempo, somente uma visão...
Foi de fato ou ilusão?
Restam as pétalas macias espalhada pelo chão.
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Fecho os olhos...e quando abro a casa ainda existe
quase que oculta no emaranhado de folhagens maltratadas...
É tudo em abandono, um quase nada.
Para onde foram os brilhos, as luzes e os risos?
Para onde foram os jogos de salão?
Para onde foram os sons das valsas que encantaram
a lua e as estrelas?
Somente da sacada velha e descascada um gato dormitava...
Uma sensação de estranhamento tomou conta de mim!
Na avenida em frente os automóveis circulam agora céleres
e as buzinas e os sons são de sempre.
Pessoas andam apressadas na noite que se fecha
em busca da entrada do metrô.
O círculo finito se fechara e o tempo de agora é
outro agora...
As rosas ainda encantam e exalam seus perfumes
e nos círculos que se abrem e se fecham
as rosas ainda espalham suas pétalas pelo chão.
Também perdura o perfume de jasmim!
Guaraciaba Perides.
Valsa Brasileira (Chico Buarque e Edu lobo) com Monica Salmaso
Foi fato ou ilusão ?