Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade ( Claro Enigma - 1951 )
O Baú
Como estranhas lembranças de outras vidas,
que outros viveram, num estranho mundo,
quantas coisas perdidas e esquecidas
no teu baú de espantos...Bem no fundo,
uma boneca toda estraçalhada!
(isto não são brinquedos de menino...
alguma coisa deve estar errada)
Mas o teu coração em desatino
te traz de súbito uma idéia louca:
é ela, sim! Só pode ser aquela.
a jamais esquecida Bem Amada.
E em vão tentas lembrar o nome dela...
e em vão ela te fita.... e a sua boca
tenta sorrir-te, mas está quebrada!
Mário Quintana (Rua dos Cataventos e outros poemas}
Gosto de Drumond e Quintana...
ResponderExcluirUm abraço!
Grandes poetas! Ótima escolha!
ResponderExcluirQue grande partilha nos proporciona, Guaraciaba!
ResponderExcluirGrato.
Beijo :)