Cadeiras na varanda dispostas em ciranda,
debaixo de vistosas e verdes samambaias.
Em frente, o por do sol anunciando o crespúsculo
e os sinos da matriz finalizando o dia...
A hora é de silêncio e de anjos em prece.
Sôbre a toalha de renda da mesa de vime,
um gato de louça dormita em paz;
No jardim, a dama da noite prepara o seu perfume,
na calçada, o flamboyant desenha o seu perfil
contrapondo-se às nuvens fimbriadas de luz
que o sol, de partida, deixa como lembrança
de um dia que finda...e se esvai na quimera
de tempos vividos, na esperança de amores
verdadeiros ou quiçá supostos.
perdidos na alma saudosa da velha senhora...
São tantos sentimentos guardados em mistério,
são tantos "ais" sussurrados em segredo,
são tantas flores em livros, fenecidas,
perfumando páginas de versos de amor...
São tantas linhas de vida sulcadas em seu rosto
quantas foram as traçadas nas mão do seu destino
e que agora, sombreiam sua face serena.
Caem as sombras da noite sôbre as paredes caiadas
e sobre os gerânios floridos das janelas
do antigo solar da velha senhora...
No céu, a primeira estrela prenuncia o seu brilho,
anunciando a hora de acender-se a luz...
Guaraciaba Perides (2001)
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