AOS SONS DA TARDE...*

I-   Ouvindo  Chopin   imaginei...

São  nuvens  que  enfeitam  o  céu

com  suas  formas  instáveis...

O  caminho  é  suave   pela  tarde  mansa

A  Paz  na  alma  acompanha do  céu  as formas  limpas.

o  verde  da  planície que se  estende é  salpicado

palas  cores  várias  das  flores  do campo

que  parecem  dançar

à  doce  aragem que  embala

os  sonhos  de  quietude  e  paz

O  pensamento  vaga  imerso  em fantasia

e  uma  vida  pregressa  começa  a  se  formar

em  forma  de  lembrança...

_ Quem  eu  sou  agora e  quem  outrora  fui?

_Quais  foram  os  meus  sonhos  antigos?

_Por que  esta  saudade  do  que  não  me  lembro  mais?

- Resíduos  de  risos,  de  lágrimas,  de  amores  perdidos

de outros  sonhos?  Talvez...

A  tarde  cai,    recolhe-se  o  sol.

No  céu  brilha  a  primeira  estrela

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II-   Ouvindo  Debussy

Abrindo  o  portal  dos  sonhos

a estrada   estende-se  à  minha  frente

promete  num  caleidoscópio  as  cores

que  trazem  ao  real  todos  os  sonhos  sonhados.

Eu  dentro  do  barco,

no  meio  do  lago,  escuto  a  melodia.

E vejo  como  numa  visão  envolta  em  nuvens

um  tempo  adormecido.

Uma  pedra  rola  pela  encosta e  cai  no  lago

formando  círculos  concêntricos ao  infinito.

Perfumes  de  flores  no  ar...ouço

a  música  distante,  tão  distante  deste  tempo....

em  outro  espaço  onde  as  emoções  transbordam...

Um  piano  toca  uma  suave melodia

Um  sonho,  uma  esperança,  um  amor  adormecido....

O  Artista  toca  em  sua  alma

as  fibras  mais  íntimas  da  sua  verdade.

Em  que  lugar  da  alma

o  Artista  forjou  em  forma  de  sons

a  sua  Poesia?

  Guaraciaba Lopes  Perides

*    Um  exercício  poético  que  faço  é  colocar  em  palavras

o que  me  vem  à  mente  quando  ouço  música  clássica. 

Uma  espécie  de  meditação  que  me  traz  satisfação.

quadro  de  Salvador   Dali