Obra de Thomás Antônio Gonzaga , escrita pelo Ouvidor Mor de Vila Rica, que transpõe em poemas a sua paixão pela jovem Maria Dorothea Joaquina de Seixas .
Quando se conheceram ele tinha 38 anos e ela tinha 16.A paixão fulminante que o acometeu foi transformada em versos que se transformaram em uma das mais belas e requintadas obras da nossa literatura. . A época histórica nos leva aos anos da Inconfidência Mineira (final do século XVIII ) Na obra Marília de Dirceu ele se auto nomeia Dirceu e ela se transforma em Marília , a sua Musa Amada.
Aqui separei os versos da Lira I da primeira parte que compõe a obra e os apresento apenas para recomendar a leitura do obra como um todo e para que se interessem pela triste e bela história de amor e pelos versos que a imortalizaram
LIRA I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro
Que viva de marcar alheio gado,
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos e de sóís queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela
Graça á minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos ainda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha
Que inveja até me tem o próprio Alceste
Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra que não seja minha.
Graças, Marília bela.
Graças à minha Estrela!
Mas tendo tantos dotes da ventura,
Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Depois que o teu afeto me segura
Que queres do que tenho ser Senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.
Graças, Marília bela!
Graças à minha Estrela!
Os teus olhos espalham a luz divina,
A quem a luz do sol em vão se atreve;
Papoila ou rosa delicada e fina
Te cobre as faces, que são cor da neve.
os teus cabelos são uns fios d'ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória da amor igual Tesouro.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Leve-me a sementeira muito embora
o rio, sobre os campos levantados;
Acabe, acabe a peste matadora,
Sem deixar uma rês , o nédio gado.
Já destes bens, Marilia, não preciso
Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;
Para viver feliz, Marília, basta
Que os olhos movas, e me dês um riso.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço;
Aqui descansarei a quente sesta,
Dormindo um leve sono em seu regaço;
Enquanto a luta jogam os Pastores,
E emparelhados correm nas campinas,
Toucarei teus cabelos de boninas,
Nos troncos gravarei os teus louvores.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Depois de nos ferir a mão da Morte,
ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dous a mesa terra.
Na campa, rodeada de ciprestes ,
Lerão estas palavras os Pastores:
"Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos que nos deram estes"
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Nota: " Coleção dos Autores Célebres da Literatura Brasileira"
Obras de Tomás Antônio Gonzaga:" Marília de Dirceu"
Livraria Garnier
Rua Benjamin Constant 118- Rio de Janeiro
afresco encontrado nas Ruínas de Pompéia
O amor além do tempo!
Esse poema de Thomás Antônio Gonzaga, um clássico da literatura veio em boa hora na sua postagem. Aproveito para lembrar a você que o poema "Marília de Dirceu" pode ser encontrada no YouTube, declamado pelo Diplomata Lauro Moreira, sem dúvida um dos melhores declamadores de poesia que temos no Brasil.
ResponderExcluirUm bom final de amiga Guaraciaba,
Grande abraço.
Oi Pedro, é verdade que a nossa história parece que se repete em círculos concêntricos. ,De tombo em tombo ! lembro do Chico cantando "sambando na lama de de sapato branco........." Mas a história de amor contada por Tomás Antônio Gonzaga é de um lirismo encantador à margem da história mas tão triste quanto. Obrigada pela sugestão do You Tube....vou conhecer!
ExcluirUm abraço