Amigos

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O SER E O NÃO SER DO POETA

I- O POETA  CANTA  A  SI   MESMO   - (MÁRIO   QUINTANA)

O  poeta  canta  a  si  mesmo
porque  nele  é  que  os  olhos  da   amada
têm esse  brilho   a  um  tempo  inocente e  perverso

O  poeta canta  a si  mesmo
porque  num  único  verso
pende - lúcida  , amarga -
uma  gota  frígida  a  esse  mar  incessante  do  tempo...

Porque   seu  coração  é  uma  porta  batendo
a  todos  os  ventos  do  universo

Porque  além  de  si  ele não  sabe  nada
ou  que  Deus por nascer  está  tentando
agora  ansiosamente
respirar
neste  seu  pobre  ritmo   disperso!

O  poeta  canta a  si   mesmo
porque  de  si  mesmo  é  disperso.

....................................................................................

O  AUTO RETRATO    (MÁRIO  QUINTANA)

No  retrato  que  me  faço
-  traço   a  traço -
às  vezes    me  pinto  nuvem
às  vezes  me  pinto árvore...

às  vezes  me  pinto  coisas
de  que nem  há  mais  lembrança...
ou  coisas  que  não  existem
mas  que  um  dia  existirão...

e,  desta  lida, em  que  busco
-  pouco  a  pouco -
minha  eterna  semelhança,

No  final  ,que  restará?
Um  desenho  de  criança...
Corrigido   por  um  louco!
´...................................................................................

II -DIVERSONAGENS    SUSPERSAS   ( PAULO   LEMINSKI)

Meu   verso, temo ,  vem  do  berço
Não  versejo porque  eu  quero
Versejo  quando  converso
e  converso  por  conversar.
Pra  que  sirvo senão  para  isto,
pra  ser  vinte  e  pra  ser  visto,
pra  ser  versa  e  pra  ser  vice,
pra  ser  a  supersuperfície
onde  o  verbo  vem  ser  mais?

Não  sirvo pra  observar
Verso,  persevero  e  conservo
um  susto  de  quem  se  perde
no  exato  lugar  onde  está

Onde  estará  o  meu  verso?
Em  algum  lugar  de  um lugar
Onde  o  avesso  do  inverso
Começa  a  ver  e  ficar

Por  mais  prosas  que eu  perverta
Não  permita  Deus  que   eu  perca
Meu  jeito de    versejar.

.........................................................................


III.   SOU   UMA  CRIANÇA,  NÃO  ENTENDO  NADA....(POETA  ARNALDO  ANTUNES
E  CANTOR  ERASMO  CARLOS-   POESIA  CANTADA)



NOTA.  A  primeira  parte  de uma pesquisa  do título  proposto :  O  SER  E  O  NÃO  SER  DO  POETA
 (continua...)

6 comentários:

  1. Olá, Guaraciaba!
    Uma magnífica postagem com obras desses poetas que tanto admiro. Li com atenção (e com gosto) os poemas do Mário Quintana e do Paulo Leminski, e ouvi (animado) o poema de Arnaldo Antunes no vídeo, na voz de Erasmo Carlos. Muito bom!
    Um ótimo final de semana, minha amiga Guaraciaba.
    Um abraço.
    Pedro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi,Pedro, obrigada por gostar...eu estava outro dia pensando de onde vem a poesia e como encontra eco no coração dos poetas e os faz ver e sentir a vida de modo tão especial e o que vem a ser poeta.Estou pesquisando e já achei vários depoimentos (rs) e na medida do possível vou transcrevê-los.
      Um abraço

      Excluir
  2. O poeta cria e inventa e vai além da imaginação!
    Lindo amiga Guaraciaba.
    Bjs-Carmen Lúcia.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Carmen...você sabe muito disso e também como é bom criar vida aos seus sonhos
      Um abraço

      Excluir
  3. Querida Socióloga / Poetisa, Guaraciaba Perides !
    E tuas respostas, ao comportamento do Poeta,
    estão calcadas nas vidas de ilustres literatos.
    Nada mais a dizer, além de "PARABÉNS", pelo belo
    texto, Amiga.
    Uma feliz semana e um fraternal abraço !
    Sinval.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. oi, Sinval, obrigada...estou pesquisando nos poetas como eles se vêem e se encontram no universo da poesia.
      um abraço

      Excluir