Encontrava-se só
Seus olhos alongavam-se espreitando
as sombras das paredes.
Lá fora o céu de nuvens cinzas
molhava o chão com suas lágrimas.
Uma emoção estranha apertou-lhe o peito...
os ouvidos atentos aos ruídos
que estalavam nos móveis velhos carcomidos.
Pensou no quanto a casa já vira e ouvira...
tantas histórias, amores e dores,
impregnados pelo tempo que passara.
Em sua mente procurou vestígios
de um passado oculto...um indício,
talvez, uma presença.
Somente sombras nas paredes.
Um vento soprou forte e abriu as
janelas bruscamente e numa nesga
de céu atrás das nuvens,
a lua espreitava friamente...
Como um fantasma entre os antigos,
ele era, agora, alguém que ninguém vira.
Voltou-se para a sacada e sentiu
o perfume dos jardins floridos...
Olhou a cena como adormecido.
Sua presença era nada.
Veio-lhe à mente um pensamento;
Tudo que houvera e qualquer coisa
que tivesse acontecido...amores, desafetos,
lágrimas e risos...somente
sombras e nada mais.
Foi só um instante, sentiu um arrepio
e uma vertigem como se desmaiasse...
O casarão em ruínas voltara ao seu presente.
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E se não for mistério?
E se não dor segredo?
E se tudo que acontece
ocorre ao mesmo tempo?
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Do que se viu...
Do que se ouviu...
Do que foi dito...
Auroras,
gigantescas flores e arrebóis....
Árvores e flores de cetim
E borboletas levam em suas asas
o Arco-Íris...
Guaraciaba Perides
Flores de Resedá (imagem da internet)
Eu acredito que tenha sido uma volta ao passado.
ResponderExcluirLindo texto Guaraciaba.
Bjs-Carmen Lúcia.
Oi, Carmen, obrigada pela sensível leitura...é verdade, muitas vezes já me ocorreu a sensação de déjà vu... conheço bem o estranhamento como se fosse lembrança.
ExcluirUm abraço
Querida Socióloga/Poetisa, Guaraciaba Perides !
ResponderExcluirTodos temos sombras que nos inquietam, afagam e,
até, nos assustam...
O texto, lindo, descreve muito bem estas situações.
Parabéns, Amiga !
Um ótimo final de semana e um fraternal abraço.
Sinval.
Oi, Sinval, obrigada pelo comentário...casas antigas sempre trazem impregnadas as lembranças das pessoas e suas emoções e até dos sons ... quantas histórias!
ResponderExcluirUm abraço
OI GUARACIABA!
ResponderExcluirSOBERBA TUA CONSTRUÇÃO. APENAS UM MOMENTO, NO QUAL O PASSADO E O PRESENTE SE CONFUNDEM.
ABRÇS
https://zilanicelia.blogspot.com/
Oi, Zilani, obrigada pelo comentário... quem sabe o que se passa nas dobras do tempo ou nas dobras da mente...
ResponderExcluirUm abraço
Me vi em suas palavras... Tal qual
ResponderExcluirvocê descreveu e me apertou cá o coração.
Agradeço pelo prazer de estar aqui.
Oi, Ronilda, de fato é uma experiência impactante...mas sei que pode acontecer.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário.
Um abraço
Oi querida amiga, interessante que ainda nessa semana eu e meu filho mais velho, comentávamos sobre lembranças passadas, ele que voltou ao local da antiga casa onde morávamos e passou parte de sua infância. A casa já não existe mais. Eu porque assisti a um documentário sobre a construção de Brasília até a sua inauguração.Momentos da minha infância que também fez parte do assunto que nos fez sentir essa sensação estranha, um misto de tristeza,alegria que damos o nome de saudade . Fosse uma infância difícil ou não a lembrança era de uma coisa boa por se tratar da infância. Mas as lembranças,também como você citou são"somente sombras e nada mais". E realidade nos chama... Porém meu filho chegou a chorar ao relembrar as brincadeiras, com avós paternos que na época moravam com a gente, as paredes e cada cômodo. As árvores continuam lá, marcando sua presença o que é um presente para nós em qualquer lugar do passado ou futuro.
ResponderExcluirVocê como sempre muto inspirada e talentosa, sabe tocar nossos corações. Adorei . Um abraço.
E para concluir no meu caso e do meu filho não foi apenas um ' " DejaVu".As lembranças eram reais.
ResponderExcluirOI, Lourdinha... lindo o seu comentário...um viés do déjà vu baseado no real de uma memória mais
ResponderExcluirrecente mas já história incorporada na memória...fica solidificada e estática, perene mais do que nunca, porque verdadeira dentro da alma, a casa não existe mais? agora ela está lá para sempre no mundo das idéias e pode ser acessada sempre que a saudade bater.
Um abraço
Boa noite Guaraciaba! Como poderemos saber quantos universos paralelos abrem-se a cada ação ou pensamento nosso...de nosso cantinho neste planeta sabemos ainda tão pouco sobre o macro e o microcosmo, e nossa mente talvez nem suportaria tamanho conhecimento, em sua limitação. Mas mesmo assim conseguimos entrever nesgas da luz da vida por alguns momentos.
ResponderExcluirUm abração!
Oi,Ghost e Bindi...obrigada pelo comentário...acho tão fantástica a realidade do ser que apenas vislumbrar as múltiplas possibilidades me deixam encantada...apenas engatinhamos e fico pensando que se a humanidade conseguir sobreviver ela virá a conhecer um admirável mundo novo
ResponderExcluirUm abraço
Olá, Guaraciaba!
ResponderExcluirGostei muito do seu poema.
Senti-me vendo aquela parede de sombra,
a janela aberta por um sopro de vento na noite,
a lua mostrando-se um pouco,
quase furtiva. Parabéns, minha amiga poetisa.
Uma ótima semana.
Um abraço.
Pedro
Oi Pedro, há sempre uma casa antiga com tantas memórias, cheias de histórias, palavras e sonhos... acho que elas incorporam as almas das pessoas que lá viveram num sentimento de
ResponderExcluirpertencimento.
Um abraço