que morava na janela da cozinha e
que por muitos anos viu meus filhos
crescerem... como era de louça foi
se desgastando com o tempo...
ficou sem bigodes, um olho só
( o outro desbotou), até que finalmente
se foi, quebrado em vários pedaços.
Deixou saudades!
Mas agora vou contar a história da
herdeira do gato.
O seu lugar na janela foi ocupado
por uma galinha de angola, pintada
e com crista e papada vermelhas e
bico amarelo...
Enfezada tem olhos arregalados e
uma cara de muito ocupada.
Tem três filhotes encarapitados em
seu dorso e parece desesperada para
ir à algum lugar.
A placidez do gato deu lugar a uma
típica espécime feminina, carregada
de filhos e preocupações...
Nenhuma filosofia a encanta e assim
sem tempo e de olhos esbugalhados
não parece muito simpática.
Mas não abre mão de seu lugar de mãe
e provedora...
Com o tempo a gente se acostumou
com sua sisudez.
De vez em quando dou-lhe um banho
para tirar a gordura.
Ela merece porque faz jus à natureza
das mulheres no mundo...
Falando assim parece que ela entendeu e
de seu canto agradece.
Guaraciaba Perides
*
"o gato na janela"...foi publicado em 23 de março de 2017
http://guaraciabaperides.blogspot.com/2017/03/o-gato-na-janela.html
Socióloga/Escritora, Guaraciaba Perides !
ResponderExcluirQue coração carinhoso, Amiga !
Parabéns, por tão belo texto.
Comovente...
Uma feliz semana e um fraternal abraço.
Sinval.
Oi, Sinval, obrigada! de repente percebi que era um libelo feminista...se voltar aqui não deixe de ouvir a música de Zeca Afonso (galinhas do mato de origem africana)
ResponderExcluirUm abraço
Que texto encantador Guaraciaba!
ResponderExcluirAmei ler a continuação dessa história.
Bjs e um ótimo domingo.
Carmen Lúcia.
Oi, Carmen...obrigada! boa semana com tudo de bom!
ExcluirUm abraço
Oi Guaraciaba!
ResponderExcluirEstou encantada com seu texto. Você deu vida e personalidade à galinha da Angola, com toda a sua sensibilidade e inteligência colocou-a em vantagem em relação ao gato rosa- acredito eu. Afinal ela está ali representando uma mãe cuidadosa e dedicada. Apesar de não conhecer a história do gato acho merecido a ocupação. Um grande abraço. Adorei.
Oi, Lourdinha...não foi pensado mas acho que foi isso mesmo...o gato de louça ficou anos na janela e tínhamos um afeto especial por ele porque meus filhos cresceram vendo ele ficar velho. quando eu estava escrevendo a história do gato meu filho André me disse que ele tinha deixado uma herdeira , a galinha que minha prima Maria Isabel me trouxe da Bahia ...de cerâmica carregando três filhinhos .O olhar dela é algo impressionante...arregalados olhos parece que está indo para algum lugar.Depois que escrevi percebi o quanto o gato era folgado...sempre deitadinho placidamente e a coitadinha da galinha correndo com a vida. Virou manifestação feminista (rs).
ResponderExcluirUm abraço
Boa tarde Guaraciaba! Acho maravilhosa a sua maneira de olhar para as coisas...e ver a "alma" delas. Cada um de nós tem a sua própria maneira de ver (ou não ver) as coisas, e cada vivência despertará algo diferente...mas sua interpretação da galinha espevitada faz todo o sentido. A maioria das mulheres, como mães e esposas, precisa se desdobrar de tal maneira que nunca consegue simplesmente estar onde está...sempre pensando no que fazer depois, e depois, e depois, carregando a família e as obrigações nas costas. Acho que uma nova espécie, híbrida de gata e galinha choca, seria mais salutar, rs...
ResponderExcluirUm grande abraço!
Oi, Ghost e Bindi...é isso mesmo, mas parece que essa transformação já está caminhando, temos que encontrar o equilíbrio em que todos sejamos cooparticipantes.
Excluirmas foi só mudarmos a galinha que estava indo para estar voltando que ela já me pareceu mais tranquila. impressionante, mas foi isso que aconteceu! nós aqui e casa somos todos meio poetas! (rs)
Um abraço
Olá Guaraciaba querida
ResponderExcluirTambém me encantei com seu texto...
Beijos
Ani
obrigada Ani pela gentileza
Excluirum abraço
Olá Guaraciaba, a poeta não poderia mesmo ficar com a janela da cozinha vazia, no lugar do gato cor de rosa, lá colocou uma galinha de angola, uma substituição que, pelo visto, preencheu o lugar do velho gato. Inspirado e criativo poema. Parabéns!
ResponderExcluirBom domingo.
Um abraço
Pedro
oi Pedro...a vida é cheia de fantasias que podem preencher a nossa capacidade de alegrar a alma.
ResponderExcluirObrigada Uma feliz semana!