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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Dois poetas da antiga poesia chinesa: Li Po e Tu Fu ( tradução de Cecília Meireles)*

Li Po (701 -762)

Bebo sozinho ao luar

Entre as flores há um jarro de vinho
Sou o único a beber: não tenho aqui nenhum amigo.
Levanto a minha taça, oferecendo-a à lua:
com ela e a minha sombra, já somos três pessoas.
Mas a lua não bebe, e a minha sombra imita o que
faço.

A sombra e a lua, companheiras casuais,
divertem-se comigo, na primavera.
Quando canto, a lua vacila.
Quando danço, a minha sombra se agita em redor.
Antes de embriagados, todos se divertem juntos.
Depois, cada um vai para sua casa.
Mas eu fico ligado a esses companheiros insensíveis:
nossos encontros são na Via Láctea.

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Tu Fu  (712 - 770)

 Minha barca desliza rápida. Contemplo o rio
Há nuvens passando pelo céu.

A água é também uma noite . Quando uma nuvem
escorrega por cima da lua, vejo-a escorregar no rio e
parece-me que vago em pleno céu.

Penso em minha amada, que se reflete assim no meu
coração.

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Poema de Tu Fu a Li Po

Três noites seguidas venho  sonhando contigo.
Estavas à minha porta.
Passavas a mão pelo cabelo branco,
como se uma grande dor te amargurasse a alma...

Depois de dez mil, cem mil outonos,
não terás outro prêmio que o prêmio inútil
da  imortalidade.

* do livro "Poemas Chineses" de Li Po e Tu Fu -tradução de Cecília Meireles.
Editora Nova Fronteira.

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