Ó minha amada
Que olhos os teus
são cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nosolhos teus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
D a poesia
Nos olhos teus.
Rio, l950
Vinícius de Moraes (in Antologia Poética)
Guaraciaba, minha querida! que coisa mais linda sua ideia de nos trazer Vinícius de Moraes. Nunca é demais relembrar e degustar suas maravilhas.bjs
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