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sábado, 20 de setembro de 2014

HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA- Parte III

A   ORIGEM  HISTÓRICA DO SAMBA:

A partir da segunda metade do século XX, populações negras migraram da Bahia, oriundas
das culturas de cacau e  fumo, então decadentes e dirigiram-se para o Sudeste para compor
a mão de obra utilizada na cafeicultura em expansão. Com a abolição da escravatura e a
decadência do café nas terras fluminenses, a mão de obra que foi liberada desse trabalho
convergiu para a Corte onde os negros oriundos da Bahia uniram-se aos demais africanos
que viviam no Rio de Janeiro, na  época capital do Império, concentrando-se na zona central
e portuária onde passaram a trabalhar. O principal bairro dessa concentração era a Saúde. E
foi lá no meio dessa população que se desenvolveu o Samba em suas diversas modalidades.
Do ponto de vista social, o samba anunciava a participação das camadas mais pobres da popu-
lação urbana no cenário da música popular e tanto o samba como outras modalidades, tais como
o maxixe e a marcha originaram-se e consolidaram-se dentro da música popular no período que
vai de  1870 até 1930.
A região onde se concentravam populações negras, cariocas e baianas, se auto denominava de
"Pequena África" e lá se desenvolveram não só as diferentes modalidades de samba como tam-
bém os PRIMEIROS RANCHOS  CARNAVALESCOS.
Enquanto a classe média participava do  Carnaval coletivamente criando os chamados "corsos"
imitados dos desfiles de carnaval de Veneza, as camadas mais pobres, sem recursos financeiros
para armação de carros alegóricos criaram uma  expressão pobre, os "ranchos" que herdaram do folclore rural no processo de sua formação. Os ranchos apresentavam uma modalidade de samba
com ritmo e sapateado estilizado da vigorosa coreografia do batuque.

Em 1899, a maestrina Chiquinha Gonzaga compõe a marcha "Ó  ABRE  ALAS", a pedido dos
componentes do Cordão ROSA DE  OURO e segundo ela própria aproveitou o ritmo marchado
de que os negros imprimiam às músicas que cantavam enquanto avançavam pelas ruas dançando.

Ali na  "Pequena África", nas festas domésticas das famílias negras, entre elas, a famosa  casa
da Tia Ciata (1854-1924), a presença de grandes compositores como Sinhô, Donga, Heitor dos
Prazeres, Pixinguinha, João da Baiana, garantiram a composição e evolução dos primeiros
sambas.
Entretanto, no início, a diversão era ainda territorialmente estratificada. Nas salas, tocava-se o
Choro, com o conjunto musical composto de flauta, cavaquinho e violão. No quintal, rolava o
samba rural, batido na palma da mão, no pandeiro, no prato, na faca e dançando ainda com as
famosas  "umbigadas"

No começo do século XX, na gestão do Prefeito Pereira Passos (1903-1906) houve a  demolição
dos cortiços e dos velhos casarões do centro da cidade para a reconstrução e modernização da
cidade do Rio de Janeiro e as populações pobres das zonas centrais foram deslocadas para os
morros ou periferias que se estendiam ao longo das linhas de trem e bondes.

Ficamos por aqui ...na próxima parte veremos o desenvolvimento da Escolas de Samba e o desenvolvimento do samba urbano e seu apogeu nas rádios  que  o ajudaram divulgar.





O ABRE ALAS...gravado em 1913 pela Casa Edson

O primeiro samba gravado  (1917)    Pelo Telefone




Por hoje é só...mas a história continua...                                      

20 comentários:

  1. Oi Guaraciba,adorei saber de tudo isso.
    bjs amiga e um ótimo final de semana.
    Carmen Lúcia.

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    1. Oi, Carmen, eu gosto muito de História e também de Música... e é um prazer que me dei .

      Obrigada
      Um abraço e uma semana de Paz e Amor

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  2. Oi Guaraciaba que maravilha de postagem..Muito bom saber do nosso samba. Que bom que trouxeram essas coisas boas pra ca!!! E que musicas maravilhosas!! Beijos e feliz domingo.

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    1. Oi, Mariangela, o repertório musical brasileiro é muito extenso e possuí músicas maravilhosas...vamos ver alguma coisa ao longo de cem anos (rs)..
      Um abraço, Luz e Paz!

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  3. Bom dia minha linda, pra vc ver como
    essas musicas são famosas cem anos depois elas ainda
    são sucesso por ai...e quem não gosta de um Abre Alas
    no carnaval...amei saber de tudo
    Deixo um abraço de bom domingo

    Bjusss

    └──●► *Rita!!

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    1. Oi, Rita , é verdade...os clássico da música popular passam de geração a geração... as mais antigas de Carnaval e as dos anos 60 como a bossa nova são tocadas como atuais. AS mais antigas aprendemos
      com os nossos pais e no rádio.Depois passamos para os nossos filhos o gosto pela música e hoje a Internet está fazendo o belo serviço de resgate de músicas desde o século XIX.
      Um abraço e muita luz no seu caminho!

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  4. Olá Guaraciaba,

    'O Abre Alas' e 'Pelo telefone' são sambas eternos e que fizeram parte dos meus carnavais, através de arranjos diferentes dos originais. "O Abre Alas', então, foi marcante para mim. Senti até saudades dos carnavais da minha cidade de origem, embalados por marchinhas que todos sabiam cantar. Bela época! Não se fazem mais sambas como os antigos.
    Adorei conhecer essa parte da história do samba. Saio daqui mais 'sabida'-rsrs.

    Feliz Primavera!

    Beijo.

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    1. Oi, Vera Lúcia...eu também sempre gostei das famosas marchinhas de Carnaval....quando criança eu decorava todas, inclusive as antigas que meus pais também gostavam de cantar, mas não era de ir em bailes, talvez uma ou duas matinées ao longo de toda juventude, mas me encantava o clima da festa, serpentina, confete e a famoso lança perfume que era o must da festa, e completamente legal ..
      A revista Cruzeiro era totalmente dedicada aos grandes bailes do Municipal, desfiles de fantasias. Era de fato uma grande festa.
      Um abraço e um bom tempo de primavera!

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  5. OI GUARACIABA!
    LEMBRO QUANDO, PRÓXIMO AO CARNAVAL, COMPRÁVAMOS OS LIVRINHOS QUE TRAZIAM TODAS AS MARCHINHAS E AS APRENDÍAMOS POIS TODOS SABIAM CANTÁ-LAS.
    MUITO LEGAL, CONHECERMOS A HISTÓRIA DA ORIGEM DO CARNAVAL.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  6. Oi, Zilani, houve uma época que o Carnaval tinha uma dimensão poética diferente, com fantasias e brincadeiras e mesmo os bailes familiares exploravam o lado alegre das marchinhas muitas de conteúdo de crítica social e politica. Ficaram na história da música popular, Hoje o Carnaval foi cooptada pela indústria do entretenimento e virou mercadoria entre outras coisas. Mas está havendo, parece, um movimento de resgate dos cordões autênticos.
    Um abraço

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  7. Ola Guaraciaba,fiquei encantada com tua brilhante postagem......Que beleza nos dar conhecimento e relembrar tanta coisa de nosso passado.Sempre adorei a época de carnaval,.....fantasias,serpentinas,confetes e até "lança -perfume" faziam parte do meu "ritual carnavalesco',Por felicidade conservo meu album lotado de fotografias daquela época dourada de minha mocidade que tanta saudades deixou......Meu maior abraço.SU

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  8. Oi, Suzane, obrigada pelo comentário... de fato, a história da música popular brasileira é rica no seu conteúdo de miscigenação social e esta peculiaridade é nossa maior expressão cultural. O carnaval antigo deixou belas lembranças e hoje nem de longe alcança o mesmo espírito.
    Um abraço

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  9. Que bela pesquisa e informação tão detalhada.

    Gosto de Samba!

    Beijinhos

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    1. Oi, Pérola...as raízes da canção brasileira admitem várias vertentes e entre ela o samba que já é um produto de várias influências e assim como as outras que virão ao longo de nossa história musical...
      Um abraço

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  10. Minha amiga Querida.
    Estou voltando a postar dois poemas a cada postagem,
    pois senti saudades dos velhos tempos onde fiz uma lida
    união entre blogueiros de vários Países .
    De coração espero que essa volta seja tão feliz quanto fomos um dia
    quando parei com aquela postagem foi por algumas pessoas achar que postava ,
    mais de um poeta ou poetisa a mais que outra.
    Depois desse longo tempo resolvi voltar a escolha certamente continuara
    onde meu pensamento levar.
    E hoje é você que abra a nova temporada.
    Lá encontrará também uma parceira da mesma época .
    Feliz final de semana beijos.
    Evanir.

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    1. Oi, Evanir, que bom! fico feliz que você esteja animada e que volte a sorrir e a distribuir o seu afeto como sempre foi de seu feitio. Obrigada!
      um abraço e muita luz no seu caminho.

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  11. Super interessante Guaraciaba. Gostei muito. Minha mãe nasceu em 1928 acredito eu, depois faço as contas direitinho e este primeiro vídeo me lembrou muito minha mãe. Ela ainda hoje canta estas músicas. Aliás lá na casa dela talvez tenha esses dois discos. Então a primeira Musica da Chiquinha Gonzaga que foi gravada em l913,O Abre Alas e "Pelo Telefone" do outro vídeo fizeram sucesso por muitos anos não é verdade , pois minha mãe conta que dançou muito ao som destes sambinhas nos bailes carnavalescos em MG. quando tinha ainda entre 16 e dezoito anos de idade. e isso já em 1943 a diante. Muito legal.. Se ela estivesse aqui em minha casa eu gostaria de mostrar essa postagem pra ela. Ela ia adorar conhecer a história do nosso Samba Brasileiro.
    bjs. e Parabéns.
    Ah. Perdoe a minha ausência ando um pouco ocupada. mas aos poucos estou voltando. bjs.

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  12. Oi, Lourdinha...memórias dos pais são também nossas lembranças, porque quando cantavam transmitiram
    para nós todo tempo anterior e são essas as nossas raízes e são essas a nossa história.Cabe a nós passar pra frente e se possível fazê-los gostar e perpetuar.
    Um abraço

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  13. História tão rica, essa da MPB!!! Lá em casa se ouvia tanto, cantava-se tanto que a cada partizinha da história, a gente vai reconhecendo e relacionando à lembranças saudosas..Então, quando chega ao Abre Alas e a Pelo Telefone, sentimo-nos naqueles tempos d' outrora...ah! que coisa boa, é recordar o que é bom!!!! Amei a postagem, Guaraciaba, obrigada, bom domingo!

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    1. Oi ,Lúcia...é verdade, são músicas que sempre vão nos lembrando passagens familiares, cantando com os pais, tias , programas da hora da saudade... são cem anos de história que em termos históricos nem são tão antigas...mas junto com elas vem a formação de nossa identidade nacional e influências culturais recebidas.
      Um abraço e uma ótima semana.

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