O lundu, dança de origem africana foi nos primórdios muito diferente daquela que proliferou
em Portugal a partir de 1790 e no Brasil em todo o século XIX.
O lundu do Brasil colônia assemelhava-se a alguns batuques observados pelo viajante por-
tuguês Alfredo Sarmento no interior do Congo e de Angola e onde se ressaltava a presença
da umbigada e mais a característica de solo de canções improvisadas feitas na sequência de um
estribilho cantado em coro.
Entretanto, esses batuques festivos já estavam no Brasil desde o século XVI, moldando-se às
características sociais do país ao longo do tempo, aparecendo descritos em obras literárias do
século XIX, as vezes como samba rural ou como "chorado baiano"- (Aluísio de Azevedo em
O CORTIÇO )- um lundu cantado cantado e tocado com acompanhamento de violão e palmas,
antepassado do samba primitivo.
Já no século XIX, entre 1817 1820- dois viajantes e pesquisadores austríacos Johann B. Von
Spix e Carl Friedrich P. Von Martius enviados pelo rei da Baviera para efetuar levantamentos
da flora, fauna. mineralogia e etnologia do Brasil, efetuaram pesquisas em São Paulo. Minas -
Gerais, Pernambuco, Piauí, Maranhão e amazonas. Seus trabalhos foram publicados em
Munique entre 1823 e 1831, neles fizeram também observações sobre a música da época.
Martius elaborou um anexo musical intitulado "Canções Populares Brasileiras e Indígenas".
Uma dessas peças é a " Lundum Brasilianische Volkstanz" - lundu, dança popular brasileira,
o único instrumental da coletânea e o mais antigo registro musical que se conhece desse tipo
de dança no Brasil. Não se deve confundir o lundu canção que voltara transformada de Por-
tugal e que nada lembrava a dança de negros à base de umbigada.
Tanto a modinha como o lundu para voltarem às suas raízes mais populares, necessitaram de
ao final do século XIX, do trabalho de atores e músicos do Teatro de Revista (Xisto Bahia, ator)
que as modificaram para conquistar o grande público do Rio de Janeiro.
A modinha erudita composta para o piano sofreu a influência da polca e fez a fortuna de palhaços
de circo transformados em cantores da moda, como por exemplo, Eduardo da Neves.
Essa recriação, entretanto, só foi possível porque nas camadas mais populares do Rio de Janeiro,
constituídas , na sua maioria, por negros e mestiços, estava surgindo uma espécie de artista;os
músicos dos conjuntos de pau e corda (flauta de ébano, violão e cavaquinho) que por tocarem
qualquer gênero em estilo chorado passaram a ser chamados de "os chorões".
Presença obrigatória nas casas de família da pequena classe média carioca precederam o apa-
recimento das casas de chopes e dos bailes de entrada paga, depois chamados de gafieiras.
Estes "chorões" acabaram por criar um estilo próprio de tocar e o esforço que faziam para
adaptar os ritmos da moda da época à tendência dos brancos,dos negros e mestiços de compli-
car os passos com volteios e requebros resultou em um novo gênero ; o MAXIXE
Quando a síntese chegou ao fim, após a elaboração que se deu ao longo de vinte anos,o maxixe
como música resultante dava uma sensação de erotismo tão grande quanto aquela observada pelos
estrangeitos do século XVIII quando conheceram o lundu.
Nos clubes carnavalescos o maxixe iria ganhar uma versão mais estilizada passando daí, para
os Teatros de Revista onde era tocado pela orquestras e ganhando letra. Em 1883 o ator Francisco
Correia Vasques incluiu no Teatro Sant'Anna um maxixe de sua autoria e só o maxixe deixou de
ter presença obrigatória no teatro musicado a partir dos anos 20 desbancado por outro gênero
de música : O SAMBA
A coreografia do Maxixe
Um maxixe composto por Chiquinha Gonzaga
Em outra postagem continuaremos falando sobre a origem do Samba continuando a história.
Gosto de saber, de conhecer.
ResponderExcluirA tua história da música e suas origens está muito boa.
Beijinhos
Oi, Pérola...história da música popular brasileira e e como ela foi tomando forma no século XX...penso que vai dar certo, vamos ver.
ExcluirUm abraço
Muito obrigada pela bela aula, Guaraciaba. Vi vários vídeos, gostei muito, adoro dançar.
ResponderExcluirBeijo e feliz domingo!!!
Oi, Shirley, realmente é uma aula de um curso que ministrei há alguns anos atrás
Excluirmas na época só contava com fitas gravadas para ilustrar...você vê como a tecnologia nos permite ter acesso a vídeos maravilhosos sobre o assunto,
Um abraço
Olá!
ResponderExcluirDeu-me muito prazer conhecer o seu blog, pois tive a oportunidade de ler postagens magníficas, escritas de forma irrepreensível e por demais instrutivas - pelo menos a mim. Gostei tanto que já sigo e salvei entre os meus favoritos!
Dê-me a honra e vá me visitar.
Abraços e boa semana.
Obrigada pela presença e pelo comentário..Muio bom conhecer novos blogs e fazer novos amigos.
ExcluirUm abraço
Olha, como aprendi aqui! Abração
ResponderExcluirOi, Ives...é um breve resumo das mudanças que deram origem à M.P.B.
ResponderExcluirUm abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Guaraciaba!
ResponderExcluirQue bela postagem!
Uma aula incrível que li com muito prazer.
Obrigada!
Beijos e uma ótima semana!
Mariangela
Obrigada, Mariangela...pretendo continuar esta história até os tempos mais recentes, só que de modo intercalado.
ResponderExcluirUm abraço e uma semana de amor e paz!
Olá Guaraciaba,
ResponderExcluirJá estava sentindo a sua falta lá no meu espaço. Bom revê-la.
Estava assistindo a coreografia do maxixe e me imaginando dançando, já que o meu braço esquerdo nem está levantando direito por causa de um rompimento leve de tendão. Seria uma esticada de braço e um gemido-rsrs.
Fui ler a primeira parte da História da Música Popular Brasileira para acompanhar melhor o tema. Muito interessante esse desenrolar.
Gostei da abordagem e aguardarei a continuação com a origem do nosso imbatível samba.
Lindo setembro para você.
Beijo.
Oi, Vera Lúcia...sempre que recebo a notificação de postagem eu visito os blogs dos amigos...pode ser que não tenha percebido pois andei meio ocupada em casa ...meu filho mais velho fez cirurgia de vesícula e eu fiquei com o netinho em minha casa e ele requisitou o meu computador e aí eu literalmente dancei (rs)
ExcluirEspero que logo se restabeleça porque ficar com lesão dessa ordem incomoda muito e de repente vai
que você quer dançar o maxixe (rs).
Imagine a polca +lundu= maxixe....o samba vem depois e se consolida como ritmo nosso em todas as suas derivações....eu gostei muito de fazer esta pesquisa.
Um abraço
Olá!
ResponderExcluirVim com mais tempo para "aproveitar" tão significante e encantadora postagem... Como já comentei, agora digo: o post é muito além de instrutivo, é soberbo.
Tenha um resto e fim de semana maravilhoso.
Abraço.
Obrigada pela visita e pelo comentário...já sou seguidora do seu blog e também gostei de conhecer novos talentos literários.
ExcluirUm abraço
É muito prazerosos, além da leitura da leitura sobre a história da MBB - parte II - ver, ouvindo, um excitante maxixe, em primorosa coreografia e depois assistir a simpática cantora, sambista, Beth Carvalho, num interessante maxixe de Chiquinha Gonzaga! Que venha o SAMBA, para nos deliciar ainda mais...Valeu, Guaraciaba! Bom final de semana. Abraço!
ResponderExcluirOi, Lúcia...é um pequeno resumo da história da canção brasileira nessa vertente... é um resumo em cinco aulas que eu trabalhei para um curso de extensão cultural...na verdade apenas uma pincelada de cada gênero.
ExcluirUm abraço e obrigada.