O poeta canta a si mesmo
porque nele é que os olhos da amada
têm esse brilho a um tempo inocente e perverso
O poeta canta a si mesmo
porque num único verso
pende - lúcida , amarga -
uma gota frígida a esse mar incessante do tempo...
Porque seu coração é uma porta batendo
a todos os ventos do universo
Porque além de si ele não sabe nada
ou que Deus por nascer está tentando
agora ansiosamente
respirar
neste seu pobre ritmo disperso!
O poeta canta a si mesmo
porque de si mesmo é disperso.
....................................................................................
O AUTO RETRATO (MÁRIO QUINTANA)
No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
No final ,que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!
´...................................................................................
II -DIVERSONAGENS SUSPERSAS ( PAULO LEMINSKI)
Meu verso, temo , vem do berço
Não versejo porque eu quero
Versejo quando converso
e converso por conversar.
Pra que sirvo senão para isto,
pra ser vinte e pra ser visto,
pra ser versa e pra ser vice,
pra ser a supersuperfície
onde o verbo vem ser mais?
Não sirvo pra observar
Verso, persevero e conservo
um susto de quem se perde
no exato lugar onde está
Onde estará o meu verso?
Em algum lugar de um lugar
Onde o avesso do inverso
Começa a ver e ficar
Por mais prosas que eu perverta
Não permita Deus que eu perca
Meu jeito de versejar.
.........................................................................
III. SOU UMA CRIANÇA, NÃO ENTENDO NADA....(POETA ARNALDO ANTUNES
E CANTOR ERASMO CARLOS- POESIA CANTADA)
III. SOU UMA CRIANÇA, NÃO ENTENDO NADA....(POETA ARNALDO ANTUNES
E CANTOR ERASMO CARLOS- POESIA CANTADA)
NOTA. A primeira parte de uma pesquisa do título proposto : O SER E O NÃO SER DO POETA
(continua...)
(continua...)