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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

REFLEXÕES SOBRE IMAGENS

Modigliani  (pintura)                                
I


O   que  pensa   a  mulher   do  leque?
Por que  seus olhos  se perdem  no  infinito?
O   que  percebe  dentro de si...
e que quase se encontra  em  labirinto?
No  entanto,  segue  segurando  o leque
que  parado  no  espaço,
faz voar tão longe o seu pensamento...
Ou será  apenas o  leque  um  adereço? (G.P)



pintura   de  Augusto   Marcke

 A  solidão...

Passeia  pelas   veredas do meus pensamentos
Sou  uma delas,
das moças que passeiam de  chapéus
com flores  e fitas,
e que  ensimesmadas passam
trancando  sonhos   em  seus corações... (G L)






.pintura de Di Cavalcanti



Temos  o silêncio
Um piano  posto  em  sossego
A menina  perdida em seus pensamentos
aninha um gato  ao colo
Penumbra... lá fora,
a luz ou  o  vento... (GL)



 escultura  em imagem obtida da Internet


Sentado,  olhos pesquisam  o infinito...
Há o silêncio das coisas inflexíveis
que  permanecem em meio ao  caos.
Estátuas de pedra
e isso,  é  só  um momento breve...(GL)

Guaraciaba  Perides

domingo, 11 de novembro de 2018

TECITURA

TECITURA
São fios de algodão,
fios de lã...
algum ouro, alguma  prata
na trama delicada que  se tece...
ao longo do caminho.
Entremeando  flores
e sugerindo  espaços...
de nós  em nós que alteando planos
vão as mãos  do  Tempo  trabalhando.
Artesãs da Vida
vão  compondo  histórias,
repetindo  ciclos,
alternados ciclos,
ciclos alternados...

Fios  de ouro
na trama que se borda
~~~~fios  de ouro,
cruzam-se  e se  afastam
Perdem-se e se reencontram
traçando paisagens, de formas
e de flores
que à luz  de algures
cintilam no  espaço.
Circulam e se ligam e
de novo se encontram
cumprindo passagens.
Atando os  nós, em retas  e viés...
No fundo  se perdem
em tons que se esfumam
deixando a lembrança
de um vago  momento...

Guaraciaba  Perides



imagem de  internet...tapete persa







domingo, 4 de novembro de 2018

O OLHAR DO ENCANTAMENTO

I   Do ensaio produzido  por Renato  Janine  Ribeiro  " OS  AMANTES   CONTRA  O PODER"
extraí para guardar um   texto  que fala sobre olhares de amor que se cruzam.


........................
" E  com  isso voltamos  aos  olhares do amor  que  se cruzam.O  que há  nesse  encontro
dos olhos, no coup  de  foudre  mútuo?  Há que,  neles,  cada um vê  o ver.
Olhar ,  no  amor,  tem dois  poderes. O olhar captura, extrai;  é voyer,  arranca  prazer do
objeto que  ele devassa;  e  por isso  os índios não gostam  de  ser  fotografados,  temendo
perder  a  alma. É  o que acontece  quando  alguém  nos  impressiona,  desde  a foto  do nu,
até a pessoa  por  quem  nos  apaixonamos. Na  primeira  vista, o  apaixonado  sofre  uma
'perturbação  terrível',   nunca  sentida.  Não  sabe falar,  age  mal. Só diz  bobagens, ou nada.
Mas extrai.
O  segundo  poder do olhar  é  que ele  revela, entrega,  dá.  Pelos  olhos  o  sentimento circula,
ao  bom  entendedor,  que  nem  sempre é  o destinatário. Há  congestionamento  nessa  troca
de  sinais: vezes  em  que não sei   qual  a  reação  da  amada   -  porque  um  olho  que  se deslumbra ( cega-se)  e  além  disso declara  o  seu  amor,  como  poderá  ainda  decifrar  o
outro?  Mas há , nisso,  grande  beleza. É  a de ver ver.  Olhar o olhar  da amada é das coisas
mais  belas  que  existem. É  a rara  reciprocidade  do amor, e não é  por  acaso que nela,  nos
momentos raríssimos  em que  conseguimos escapar  a  nossos  medos  e viver  um  encontro
sem  tirania, o coup  de  foudre  a dois  nos dá  uma  lição  de  entrega  e não poder"

retirado  do livro  O  OLHAR     editado  pela Companhia  das Letras -1988
coletânea  de textos produzidos para o Ciclo de  Conferências  coordenado  pela  equipe
do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Fundação  Nacional  de  Arte.














Eu conheci você ou foi só  seu  reflexo?
Seu  sorriso existiu  ou  foi  só  uma   imagem
de alguém, que quis  pela vida  afora,
brincar  de esconder  em um  mundo  de espelhos?
e num jogo  de cena,  sem  hora  e sem  nexo
criar  em um   sonho  cifrada  mensagem...

Guaraciaba   Perides.