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domingo, 21 de outubro de 2018

POESIAS... declamadas ou cantadas

O   CONVIDADO

É   verão no fim da tarde,  ao  canto  das  cigarras
O  chão  é  um  vulcão  adormecido
delira um  vaga-lume: há  luz  em  Marte
E  o jantar  ainda não foi  servido.

Condensam gotas  de água sobre o  copo
o  pó  afaga  o  brilho da mobília
e pousa  no  retrato  de  família
e pousa  no  retrato  de  família

Protestam  as fissuras  do sobrado
no rodapé  descalço  das  andanças...
Chegou  o  convidado!
Chegou  o  convidado!

Servida foi  outra  taça  de vinho
à  mesa só  ficou  uma  migalha
no  linho  da  toalha
no linho  da  toalha

Resvala já  o sol  no horizonte
vencida sai  a noite  pela janela,
duelo à  luz  de vela
duelo à luz  de  vela

Já dormem  as faianças  na cozinha
apaga-se  a  mortalha  no cinzeiro
que  bem  que sabe  o licor  da  madrinha
que bem que sabe o licor da madrinha

O eco mede  o  espaço  entre as  lembranças
e  o tempo  salta  à  corda  do relógio
do  quarto  das  crianças
no  quarto  das  crianças.

João   Afonso/ José  Moz Caparra  (poesia  portuguesa)
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LOS   FANTASMAS  DE  LISBOA

Dónde estará el  pasado  que tuvimos
El pasado  que  tuve  entre  tus  brazos
En  la calle resuenan  nuestros  pasos
pero no  estamos: nos desvanecimos

Dónde estarán los  besos que nos dimos
la tristeza  tan  dulce  de  los  fados
tu promesas tus llantos  mis  enfados
nuestros  cuerpos que un dia  compartimos

Assustados los nuevos  ocupantes
de nuestro   cuarto en  el hotal  escucham
la risa de  personas que se duchan

Como los personajes de Pessoa
somos  almas  sin cuerpo:  dos  amantes
que penan  en las noches  de Lisboa

ÓSCAR  HANN  (poesia  chilena)

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Nota:  A  poesia  de João  Afonso  encontra-se no CD  Zanzíbar    em forma de canção
ficando ainda mais bonita



Los fantasmas  de Lisboa também foi  musicada...uma belíssima  canção mas
não encontrei disponível no youtube; encontrei  declamada...



Ambas me encantam  ...

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

TEXTOS ESPARSOS

"  A  esperança é  uma
    alegria  instável
nascida  da ideia de uma coisa futura  ou passada
de  cujo desenlace duvidamos em certa  medida"
" O  medo é  uma tristeza  instável nascida da
ideia de uma  coisa  futura  ou passada de cujo
desenlace duvidamos  em  certa  medida"
" Segue-se dessas definições que não há
esperança  sem  medo, nem   medo  sem esperança"

ESPINOSA  -ETHICA-  livro III

"Se   numa  Cidade os cidadãos   não tomam armas porque
estão  aterrados pelo  medo, não se pode dizer que ali
exista  a paz  e sim mera ausência   de guerra.
A paz não é pura  ausência  de guerra, mas  virtude
originária da força d'alma no  respeito  às leis[...]
Uma  cidade onde  a paz é efeito da inercia  dos
súditos tangidos  como  rebanhos  e  feitos apenas
para servir  merece  antes  o nome  de solidão do  que
de Cidade."
ESPINOSA--( TRATADO  POLÍTICO)


" O  amor é assim fundamentalmente não  busca do semelhante,
mas busca da totalidade  partida, da  unidade  quebrada.
Por  isso  o amor parte desse sabor  que o  ser humano experimenta
de  falta,  de  mutilação, de  incompletude. O  desejo  de unir-se ao
amado provém  dessa   sensação de  ser apenas parte, metade do todo"

JOSÉ AMÉRICO MOTTA  PESSANHA;( retirado   do Discurso  de Aristófanes
em Banquete  de Platão)  no ensaio "as  várias  faces  do amor"



" O mais  perfeito  ato  do Homem  é  a Paz.
E por ser tão completo, tão  pleno em si mesmo,
é o mais  difícil"
GANDHI


" A  gente pode  criar  um  mundo  assim,
o império total de  mercadorias, coisas, sensações,
as coisas  mais incríveis,  os  momentos  mais  emocionantes.
Uma coisa porém  não pode  ser transformada  em  mercadoria,
que é o   Amor. Amor é  dado  de graça, alguém pode  comprar
o  Amor?
Pode-se  comprar sexo de outra pessoa, mas o Amor  a  gente  sabe
que é o último  reduto que  resiste à  transformação  em  mercadoria"
PAULO  LEMINSKI





extraído 
Painel de Cândido  Portinari    "Guerra  e  Paz"