O menino ganhou numa quermesse
A mãe deixou-o na janela da cozinha
deitado, observando os afazeres
dos almoços e jantares.
O gato cor de rosa era brilhante
e possuía também negros bigodes,
semi cerrados olhos espiavam
plácidos, o recinto...
Dias e noites ...se passaram...anos.
O gato ali tudo assistia
tomava banho junto com as panelas e
sempre brilhava ao fim do dia.
O menino cresceu, tornou-se homem,
outras crianças vieram e se encantavam
ao ver o gatinho na janela,
ouviam atentos sua história
de ter sido prenda de quermesse.
Mas o tempo é implacável para todos...
o gato envelheceu, desbotou, perdeu a cor,
seus olhos não brilhavam, desapareceram
seus bigodes...só possuía a sombra do
seu viço...
Depois de longos anos na janela,
o gato finalmente se quebrou...
Ficou pr'a sempre plasmado na saudade
das crianças que por ele se encantaram.
Um gato de louça tão sutil, de cor de rosa,
desapareceu no espaço mas nunca na memória...
Hoje ao olhar a janela sempre me lembro
do seu olhar tranquilo, de seu bigode negro,
da placidez tamanha, de sua amizade mansa...
"Um dia...um gato"
Guaraciaba Perides.
pintura de Aldemir Martins.. 1975
Museu de Arte de São Paulo
Gatos cantando o Universo...
Mãe, confesso que chorei. Ele tinha uma personalidade única: adora tomar banho. Ficava irradiante depois de um banho. Ficará para sempre na memória do coração: "o gatinho rosa". Beijos, amote. Isa
ResponderExcluirOi, Isabel...ficou tanto tempo na janela que fazia parte da família ...vocês cresceram ouvindo a sua história.
ResponderExcluirEu também te amo.
Bom dia de domingo,que tudo continue reinando beleza por aqui,a poesia,a musica deixa nosso momento mais feliz bjussss
ResponderExcluirAbraços com carinho!
└──●► *Rita!!
oi, Rita, obrigada...as pequenas coisas ás vezes se tornam grandes lembranças...
Excluiruma Feliz semana de paz e amor!
Um abraço
Olá Guaraciaba,
ResponderExcluirQue lindinha essa fantasia musical!
A pintura também é linda.
Gostei imenso do seu texto poético. Assim é com tudo que nos é caro e marcante. Mesmo quando se vão, permanecem tatuados na memória, trazendo lindas lembranças. Este gato inspirador do texto até que durou bastante, pois atravessou geração. O tempo é mesmo implacável e não excepciona nada, nem ninguém-rs.
Ótima tarde de domingo, amiga!
Beijo.
Oi, Vera, é verdade...objetos às vezes adquirem identidade...ficam com a gente e marcam tempos. Hoje onde ficava o gato tenho uma galinha de angola com tres filhotinhos nas costas(rs) mas ela nem me olha, compenetrada e de olho arregalado (rs)... Um abraço
ResponderExcluirA porosidades dos objetos emana luzes ao nosso coração! beijos
ResponderExcluirOI Ives, obrigada pelo comentário...talvez objetos plasmem nossos próprios sentimentos.
ExcluirUm abraço
Nós aqui em casa também temos um "mascote" desses.
ResponderExcluirÉ um duende que já era de minha avó paterna. Hoje
só resta a cabeça dele, mas guardo com muito carinho.
Obrigada por este momento de memória, Guaraciaba.
Ainda vou fazer uma poesia pro meu duende. abraço
Oi, Lola, objetos que passam de geração à geração fazem parte de nossa história pois trazem lembranças pretéritas que parecem ser plasmadas na matéria e passam a fazer parte de nós.Quantas histórias pode contar o seu duende!
ExcluirUm abraço
Boa tarde Guaraciaba!
ResponderExcluirQuem tem olhos para as coisas, consegue ver a alma até mesmo nos objetos...pois eles as têm, ainda que apenas em nossos sonhos e lembranças. Como testemunhas mudas de nossas vidas, eles tem a eternidade de nossos sentimentos.
Um carinhoso abraço!
Oi, Ghost e Bindi...também penso assim...pode ser poesia ou misticismo, mas é também muito bom pensar assim!
Excluirum abraço
Uma história de lembranças marcantes e encantadoras, me envolvi tanto, como se fosse ele um gatinho de verdade.É que na verdade na minha casa, quando criança, tínhamos um gatinho que adorava ficar na janela da cozinha, talvez simplesmente esperando por algum alimento. bjs . Obrigada pela visita.
ResponderExcluirOi Lourdinha...um gato ao natural é tudo de bom...também tive uma na minha juventude e era uma grande amiga.
ExcluirUm abraço
Un precioso relato sobre ese gato que forma parte de nuestra Existencia y que forma parte de nuestras vivencias.
ResponderExcluirAbraços e Beijos.
Oi, Pedro Luis, pode ser saudosismo, mas quantos objetos guardados fazem parte intrínseca de nossas vivências...
ExcluirUm abraço
Pois é Guaraciaba, esse gato talvez tenha deixado em você mais que a saudade, quem sabe a maneira de fazer fluir essa história, vindo de mansinho, do início para o fim, sem deixar que o leitor se apercebesse que também ele envelhecia, como todos nós, mas isso veio na escrita do jeito do gato: "do seu olhar tranquilo, bigode negro,/ da placidez tamanha, de sua amizade mansa..."Gostei muito. Parabéns.
ResponderExcluirAbraços.
Pedro
Oi, Pedro, é bem assim...alguns objetos chegam em nossa casa e passados tantos anos percebemos que passaram a fazer parte da história e ganham um lugar em nossas saudades dos dias idos vividos.
ResponderExcluirUm abraço
OI GUARACIABA!
ResponderExcluirOBJETOS, QUE FIZERAM PARTE DE NOSSAS VIDAS EM ALGUM MOMENTO, POR MENORES E SIMPLES QUE SEJAM, FICAM GRAVADOS EM NOSSAS MENTES E CORAÇÕES E PERMANECEM VIVOS EM NÓS, ACHO QUE É UMA FORMA QUE USAMOS PARA NÃO NOS DESVENCILHARMOS DE RECORDAÇÕES QUE NOS SÃO CARAS E NOS FAZEM BEM.
BONITO DEMAIS, AMIGA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Oi, Zilani, obrigada ...alguns objetos nos acompanham e ganham espaço em nossos corações...dizem que é apego, mas é tão bom recordar!
ResponderExcluiroi amiga, tudo bem? Achei bem bonito seu texto. Certos objetos se tornam preciosos pra nós e quando perdidos deixam uma sensação de quebra do equilíbrio daquilo que já era costumeiro aos nossos olhos. Você expressou isso lindamente.
ResponderExcluirBeijinhos♥
oi, Rosa... a vida nos surpreende também com suas delicadezas..
Excluirobrigada!Um abraço
Oi Guaraciaba! Parabéns, seu post está lindo! Pois é, "Um dia...um gato" que encantou, marcou sua vida e deixou saudades. Uma bela história, cheia de sentimentos e de boas lembranças, lindamente descrita por você. Sempre vale à pena recordar tudo o que nos fez bem ao coração. Uma tela primorosa, amei!
ResponderExcluirUm beijo !
Completando o meu comentário:..."tudo o que nos fez e nos faz bem ao coração."
ResponderExcluirOi, Ilca, obrigada pelo seu comentário...de fato alguns objetos nos marcam pela presença amigável e ficam preciosos ao longo do tempo pois fazem parte do nosso acervo de saudade.
ExcluirUm abraço