Perdeu- se pelos arredores e entrou na mata... ao longe avistava a rodovia
e por isso não temeu.
O lugar era agradavelmente fresco e pensando, pensando , subiu a encosta.
Ao longo do caminho encontrou uma clareira e por entre as ramagens o sol
iluminava o chão criando sensações de luz e sombra.
Sentou-se entre as grossas raízes de uma árvore gigantesca que lá no alto
abria-se frondosa.
Encostou seu corpo ao tronco, fechou os olhos e ficou ouvindo o chilrear
dos pássaros. Dali se ouvia também as águas de um pequeno rio correndo
ao largo.
Era uma sensação tão boa! Muita paz!
Quando deu por si percebeu que adormecera e já era noite.
A luz do sol fora substituída pela luz da lua que pelas folhas das árvores
infiltrava-se agora, trazendo brilho de prata onde antes havia ouro.
Sentiu frio...e também fome.
Ao lado encontrou um amontoado de frutinhas...experimentou, gostou e
comeu mais.
De repente, viu-se num sonho delirante.
Vozes se aproximavam quase em sussurros, muitos risos... e pequeninos
seres adentraram à clareira, puseram-se em ciranda e iniciaram uma linda
canção que falava de luar , de amor e dos deuses da floresta.
Dançavam alegre e espertos ,de vez em quando, olhavam de soslaio e sorriam.
Ficou passivamente em silêncio.
Os vagalumes acompanhavam com seus brilhozinhos o pisca- pisca das estrelas.
Além do canto o encanto!
E foi assim por algum tempo, até que a lua girou e se perdeu do outro lado.
As criaturinhas desmancharam a roda e saíram sussurrando e adentraram
novamente à mata.
Ficou realmente escuro, mas ao longe e abaixo via-se a rodovia,os carros passando
indicavam a direção do retorno.
Além do mais a madrugada já clareava devagar o caminho....
Foi descendo lentamente a encosta e depois de algum tempo chegou em
casa que fora construída ao sopé da montanha.
Perguntou para si mesmo : Teria sido um sonho?
Mais tarde, já com o sol brilhando forte saiu para a varanda e ficou
olhando ao longe, mas nem tão longe, para a montanha que subia placidamente
entre seus vários tons de verde.
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DESCE A NOITE
Piscam, piscam vagalumes sob a noite escura
Coaxando sapos nas charnecas
Grilos perfurando do silêncio , o breu,
Adormece a mata...
Águas vão rolando seixos na ribeira
peixes se aquietam junto à areia branca
Aves que noturnas grasnam atravessando o espaço
Estrela cadente anunciando um sonho.
Sob um céu de estrelas
Toda a noite desce...
E se houver Festa de Lua,
prateada luz banhando a mata densa,
Seres da floresta dançam seus folguedos
murmurando prece a Deus, cantando seus segredos...
Na beleza que perpassa a mata
quando a noite desce.
Guaraciaba Perides
A montanha
O caminho
O regato
A montanha nunca mais será a mesma...