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sábado, 26 de maio de 2012

Cigana *

Cigana 

De saia rodada, de brincos de ouro,
de olhos profundos
que enxergam o futuro.
Cigana,cabelos que ondulam,
searas maduras,
das terras cruzando
na rosa dos ventos
caminhos perpétuos...
Não sabe a cigana
jamais seu destino.
pois que o seu lugar
é o mundo,
e a sua história  é o tempo
na roca, fiando o fato,
tecendo o sonho da vida
de qualquer pessoa...
Vai a cigana seguindo a estrada,
comendo poeira,
cantando e dançando à luz da fogueira.
Quem ama a cigana, de saia rodada,
de flor no cabelo, de lenço de seda.
pulseiras que brilham à luz do luar?
E vai a cigana, namora o destino,
amante da vida,
que oculta pra ela,
seu fado, sua sorte, seu tempo, seu norte.
quem sabe o destino lhe dá...

Guaraciaba Perides (2008)

*Homenagem aos ciganos no dia de Santa Sarah Kali cultuada
pelos ciganos no dia 24 de maio.


segue a música Tu,gitana---
O tema de tu, gitana aparece no repertório
do cancioneiro português do século XVI .Nos chegou até os dias
de hoje com a belíssima melodia composta por Zeca afonso, compositor
e cantor português.





sexta-feira, 18 de maio de 2012

Namoro - Viriato da Cruz na voz de Fausto


Viriato da Cruz: NAMORO

Letra de Viriato da Cruz, poeta angolano, interpretada por Fausto.
Namoro
Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando
de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas

Sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
sua pele macia guardava as doçuras do corpo rijo
tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seus seios, laranjas - laranjas do Loje
seus dentes... - marfim...
Mandei-lhe essa carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o amigo Maninho tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo, rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.

Levei à Avó Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, à porta da fábrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficámos num banco do largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos...
falei-lhe de amor... e ela disse que não.

Andei barbudo, sujo e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
"- Não viu...(ai, não viu...?) não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair
levaram-me ao baile do Sô Januário
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso
as moças mais lindas do Bairro Operário.

Tocaram uma rumba - dancei com ela
e num passo maluco voámos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim !"
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim.




terça-feira, 15 de maio de 2012

OÁSIS (Tenda no deserto)

 A luz do lampião rompe a noite densa
ampla e confortável é a tenda no deserto,
coberta de tapetes do oriente, sedas e
almofadas de cetim;
ânforas de vinhos e água fresca,
música de cítaras, perfume almiscarado;
Belas dançarinas em rítmos dolentes
acompanham com gestos delicados
o tilintar dos pandeiros e das pulseiras prateadas...
Risos cristalinos e estrépidos de palmas
contrapõe-se às vozes em tons diferenciados.
Em volta a escuridão e o vento do deserto
que sopra no frescor da noite...
O som resfolegante dos cavalos
pisoteando a areia com seus cascos;
além, o barulho da fonte murmurante
que alimenta de vida o verde oásis.
Aqui,festeja a alma humana o  amor reinventado,
no momento em que a paixão celebra o culto
que ora se consuma em casamento,
no oásis festivo do deserto...
e  nas condições que se criaram
através dos puros sentimentos
dessa hora e espaço
deu-se a magia de romper-se o tempo
e perpetuar-se eterno na memória.


Guaraciaba Perides (2001)

sábado, 12 de maio de 2012

História da Música Popular Brasileira _ Nelson Cavaquinho

Nelson cavaquinho- compositor, instrumentista,cantor.
Nasceu no Rio de janeiro no bairro da Tijuca em 1911
e faleceu no Rio de Janeiro em 1986.
Sambista e boêmio, compositor e cavaquista na juventude,
na maturidade optou pelo violão desenvolvendo estilo
inimitável de tocá-lo,utilizando apenas dois dedos da mão
direita.O apelido de Nelson Cavaquinho surgiu quando
já morador no bairro da Gávea passou a fequentar roda de choro.
Quando passou a frequentar o morro da Mangueira conheceu 
sambistas famosos como Cartola e Carlos Cachaça.
Foi decoberto por Ciro monteiro que fez várias gravações de
suas músicas mas somente começou a se apresentar em público
a partir da década de 60 no ZICARTOLA, bar de Cartola e
Dona Zica.Seu primeiro L.P. foi gravado em 1970 pela gravadora
Castelinho: "Depoimento de um Poeta"..
No centeenário de seu nascimento  recebeu a homenagem da
Escola da Samba, Estação Primeira  de Mangueira, com o samba enredo
que desfilou no Carnaval de 2011.

Aqui duas músicas de sua composição;



quinta-feira, 10 de maio de 2012

La Mamadre (Pablo Neruda)

La Mamadre
La  mamadre viene por ahí,
con zuecos de madera.A noche
sopló el viento del Polo,se rompieron
los tejados, se cayeron
los muros y los puentes,
aulló la noche entera con sus pumas,
y ahora, en la mañana
de sol helado, llega
mi mamadre doña
Trinidad Malverde,
dulce commo la tímida frescura
del sol en las regiones tempestuosas,
lamparita,
menuda y apagándose,
encendiéndose
para que todos vean el camino.

Oh dulce mamadre
- nunca pude
decir madrasta-
ahora
mi boca tiembla para definirte,
porque apenas
abrí el entendimiento
vi la bondad vestida de pobre  trapo,
la santidad más útil:
la de agua y la harina,
y eso fuiste: la vida te hizo pan
y alli te consumimos,
invierno largo a invierno desolado
con las goteras dentro
de la casa
y tu humildad ubicua
desgranando
el  áspero
cereal de la pobreza
como si hubieras ido
repartiendo
un rio de diamantes.

Ay mamá cómo pude
vivir sin recordarte
cada minuto mio?
No es posible.Yo llevo
tu Marverde en mi sangre,
el apellido
del pan que se reparte,
de aquellas
dulces manos
que cortaron del saco de la harina
los calzonillos de mi infancia,
de la que cocinó,planchó,lavó,
sembró, calmó la fiebre,
y cuando todo estuvo  hecho,
y ya  podia
yo sostenerme con los pies seguros,
se fué,cumplida, oscura
al pequenõ ataúd
donde por vez primera estuvo ociosa
bajo dura lluvia de Temuco.

PABLO NERUDA  (Antologia Poética)

O Maio de minha infância

O Maio de minha infância *

Quando me lembro
do maio de minha infância
Surge na minha memória
Uma doçura profunda,
um querer bem que perdura
por todo o tempo da vida.
Mês de Maio, mês das Noivas
e das Mães
Mês  de Maria louvada
em cânticos e procissões
e dos anjinhos em preces.
Meigas crianças vestidas
em rosa ou azul, asas abertas,
guirlanda de estrelas na testa...
Velas acesas na noite,luzes que brilham
no espaço aberto da recordação.
Sutis perfumes de flores
espalham-se na aragem fresca,
rosas, lírios e jasmins.
Noivas de olhos brilhantes, de esperança
e de amores,
Mães de olhos tão ternos e
mãos com tantos cuidados,
aparam os filhos amados
e embalam sonhos dos que virão.
Vai alta noite, na singeleza de um outro tempo
e vai ficando como encantada...
Envolta em luz,sorri a Mãe, Nossa Senhora,
que abençoa a toda gente,
estende os braços
e no seu colo
acolhe o Eterno- que conhecemos
desde criança como
JESUS.



*
era assim São Paulo nos anos 50 aos olhos de minha infância nas festas do mês de maio.
Guaraciaba Perides (2012)

domingo, 6 de maio de 2012

Canção Singela

Canção Singela

Eu vou cantar p'ra ti
uma canção de amor
Teus olhos vão brilhar
Tua boca vai sorrir
Tua alma ficará
tão leve como o ar...
Eu vou  cantar p'ra ti
uma canção de amor
E a paixão renascerá
como um bosque em flor
O céu se cobrirá de estrelas
e a brisa vai soprar de mar...
A lua que encanta
fulgurante e bela
fará de nosso amor
uma Canção Singela...

Guaraciaba Perides (maio de 2012)