Amigos

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Andarilho


Andando pelas estradas
sempre para qualquer lugar.
Enorme na estatura, forte na compleição,
sempre de roupa branca
encardido pela poeira do chão;
chapéu de abas largas e alpercatas nos pés.
Andando...
Visitava os parentes,
almoçava num dos irmãos,
descansava e saía a andar...
Passava pela fazenda de
um outro primo distante,
(parentes não lhe faltavam),
onde jantava, dormia e logo
ao romper da aurora,
partia para outro lugar.
Passou a vida andando,sem casa,
pousando aqui ou acolá...
Quando herdou algum dinheiro
tomou um trem na estação
e se pôs a viajar,
conhecendo o que podia
até o dinheiro acabar.
Da irmã ganhou um relógio,
vendeu, pois segundo dizia
"que a hora não lhe importava,
pois tinha o sol e as estrelas para o tempo marcar"...
Arranjaram-lhe um casamento
para ver se sossegava,
mas, qual o que,não houve jeito,
a noiva ficou a esperar.
Pelas estradas andava,
levava notícias de todos,
da parentela distante,
boa acolhida não
lhe chegava a faltar...
Excêntrico, é verdade,
diziam sempre em desculpa,
mas o que lhe ia no peito,
o que lhe afagava a alma,
quem me contava esta história,
nunca pode imaginar.
Ficou como lenda viva
na história dessa família
e eu, que agora lhes conto,
era ainda muito pequena,
mas trago uma vaga lembrança,
daquele gigante que vinha
vestido de branco e chapéu,
caminhando pela estrada...
Personagem de enredo,
volúpia de liberdade,
andando de léu em léu...

Guaraciaba Perides (2010)

2 comentários:

  1. Pena não tê-lo conhecido
    não tenho dúvidas de que estaria entre meus tios prediletos ;-)

    beijos

    ResponderExcluir
  2. Guaraciaba,
    Esse personagem continha, dentro de si, a essência da liberdade...

    Beijo :)

    ResponderExcluir