Amigos

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Obsessão ( Mário Quintana)

Vou andando pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
meu amor eu nem sei como se chama,
nem sei se é muito longe o mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
sobre mesas... e moças nas janelas
com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
na vitrine do bric o teu sorriso, Antínous,
e eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
de su/alma perdida e vaga na neblina...
mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
uma caixa de música
uma bússola
um mapa figurado
Uns poemas cheios da beleza única
de estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei , eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
quando eu já não tiver mais nome.

Mário Quintana ( Antologia Poética)

2 comentários: