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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Recordando Pablo Neruda:

Soneto LXIX

Tal vez no ser es ser sin que tu seas,

sin que vayas cortando el mediodía

como una flor azul,sin que camines

más tarde por la niebla y los ladrillos,

sin esa luz que llevas en la mano

que tal vez otros no verán dorada,

que tal vez nadie supo que crecía

como el origen rojo de la rosa,

sin que seas,en fin,sin que vinieras

brusca, incitante a conocer mi vida,

ráfaga de rosal, trigo del viento,

y desde entonces soy porque tú eres,

y desde entonces eres, soy y somos

y por amor seré, serás, seremos.


Tradução:

Talvez não ser é ser sem que tu sejas,

sem que vás cortando o meio dia

como uma flor azul,sem que caminhes

mais tarde pela névoa e pelos tijolos

Sem essa luz que levas na mão

que talvez outros não verão dourada

que talvez ninguém soube que crescia

como a origem vermelha da rosa,

sem que sejas,enfim, sem que viesses

brusca,incitantem a conhecer minha vida,

rajada de roseira,trigo do vento,

e desde então sou porque tu és,

e desde és, sou e somos,

e por amor serei,serás, seremos.

Pablo Neruda (Antologia Poética)

Tradução de Eliane Zagury.

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