Amigos

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Quem sabe um dia...

Quem sabe um dia eu me veja à margem direita do Sena
pintando um retrato seu
Quem sabe um dia, à beira do Tejo bebendo cerveja,
você passe e me olhe como a um deus...
Quem sabe um dia nossas pegadas se cruzem
à beira do mar...
Quem sabe um dia você passeando
me veja passar...em Nova York,no Central Park,
luzes de árvore de Natal!
Quem sabe um dia nos encontramos
em transe místico lá no Nepal
e já que o destino conosco tramou
vamos amar finalmente em Moscou...

guaraciaba - letra para música (2006)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vamos brincar

De roda,de pega-pega,
mãe da rua, passa-anel,
vamos brincar de ciranda,
brincar de boca de forno,
também é bom de amarelinha,
de vendedor de quitanda,
chupando bala de mel;
fazendo estátua e careta
até cair na risada,
bola de meia é legal...
Vê se constrói uma pipa
que se levanta no céu;
vamos brincar que a vida
é um sonho de criança
que constrói com esperança
aquilo que virá ser,
e enquanto a infância não passa,
vamos seguir neste enredo,
neste sonho de brinquedo,
até que a noite escureça,
até qie a gente adormeça,
cansada de tanto brincar...

guaraciaba (2008)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Meditação

Lírios que se fazem campos
ao fundo o verde da montanha
Entre lilaces que balançam ao vento
vai na onda de luz meu pensamento...
A alma livre dança sobre a relva
e o sol que brilha clareando o espaço,
azuis as flores que compõe o dia,
azul o céu em nuvens que se esgarçam...
Em pensamento construiu-se um tempo
de existência sutil,branda, respira
e no silêncio que se faz e acalma,
fica a dança do vento entre as flores,
fica o canto de paz na minha alma...

guaraciaba (2005)

Porcelana Inglesa

Há um chapéu de sol
que nasce na campina
que de magia se reveste e é primavera!
As fadas dançam entre as rosas
que se abrem,
e o perfume no ar é de quimera!
Em uma cena pastoril o encanto
de um galante rapaz e uma donzela
que se namoram entre as flores de um jardim
e em tudo já se sabe, é primavera!
E no canto da cena há uma fonte
da qual escorrem águas cristalinas
salpicam gotas que brilhando ao sol
anunciam aos ventos , é primavera!
E volteando o espaço que da cena resta
surge o galho de uma árvore florida
e sobre ele um pássaro de asas abertas
canta seu canto celebrando a vida!

guaraciaba (2006)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Não ouvi sinos

não ouvi sinos na madrugada
Não ouço sinos na noite escura
Eu ouço sinos,sim,
mas quando almejo
que sejam plenos de alegria...
Aí, então, eu ouço sinos
saindo em sons de festival
Minha alma canta
Meu corpo dança
Eu sou mais eu
em Sol Maior!

guaraciaba (2007)

Fitas e Atavios (letra para música)

Enfeite-se de fitas e atavios
pra quando ele chegar
Busque no fundo de sua alma
um olhar profundo,
um sorriso doce
pra quando ele chegar
Lembre-se de seus quinze anos,
a esperança da vida,
pra quando ele chegar
Cante uma canção,
passe batom,
toque piano
quando ele chegar...


guaraciaba (2006)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Desculpe, foi sem querer, eu juro

nossos olhos se cruzaram
na tarde de primavera
Desculpe, foi sem querer, eu juro
Seu olhar parou no meu,
nossas almas se tocaram,
o mundo parou lá fora
Desculpe, foi sem querer, eu juro.
Nossas mãos se entrelaçaram
você sorriu, eu sorri...
Depois,foi só desencontro
sem passado ,nem futuro,
somente um gesto de adeus.
Desculpe, foi sem querer, eu juro.

guaraciaba (2001)

Recordando Pablo Neruda:

Soneto LXIX

Tal vez no ser es ser sin que tu seas,

sin que vayas cortando el mediodía

como una flor azul,sin que camines

más tarde por la niebla y los ladrillos,

sin esa luz que llevas en la mano

que tal vez otros no verán dorada,

que tal vez nadie supo que crecía

como el origen rojo de la rosa,

sin que seas,en fin,sin que vinieras

brusca, incitante a conocer mi vida,

ráfaga de rosal, trigo del viento,

y desde entonces soy porque tú eres,

y desde entonces eres, soy y somos

y por amor seré, serás, seremos.


Tradução:

Talvez não ser é ser sem que tu sejas,

sem que vás cortando o meio dia

como uma flor azul,sem que caminhes

mais tarde pela névoa e pelos tijolos

Sem essa luz que levas na mão

que talvez outros não verão dourada

que talvez ninguém soube que crescia

como a origem vermelha da rosa,

sem que sejas,enfim, sem que viesses

brusca,incitantem a conhecer minha vida,

rajada de roseira,trigo do vento,

e desde então sou porque tu és,

e desde és, sou e somos,

e por amor serei,serás, seremos.

Pablo Neruda (Antologia Poética)

Tradução de Eliane Zagury.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

As flores do jardim

Saudades do que não vivi ...
que memória ancestral trago no peito
que de repente dói, meio sem jeito,
como se tivesse deixado para trás,
pessoas, sonhos e lugares
dos quais me esqueço sem saber porquê
em que lugares do caminho permanecem
que horas do passado construí,
tantas vivências que se evolam
em aparências de fantasias, nada mais ...
nada mais ? como ser, se esta verdade
se reveste de tanta realidade, que já não sei
se o que vivo é sonho ou sonho a vida
que algum lugar vivi
ou será, que como flores nascemos,
nos desfazemos e renascemos, sempre
com o mesmo perfume e o mesmo
empenho natural de ser, na essência
atemporal que faz vibrar de cada vez
em algum lugar,
como flores eternas do mesmo jardim.

Guaraciaba Perides (2001)

terça-feira, 15 de junho de 2010

A guerra

Podia ter sido uma guerra
faltou acordo, eu sei
e quando a semente do ciúme
cresceu dentro do meu peito
aí, não houve mais jeito
já não houve solução
o amor desencontrado
no passo descompassado
transformou-se em conflito
nossa vida de paixão
já não havia palavra
que não pudesse ser dita
não havia esperança
dessa guerra acabar
as cores do mundo mudaram
as samambaias murcharam
e o canário na gaiola
já não se ouvia cantar ...
somente a ira veleva
somente a garganta secava
somente o ódio e o rancor
e a guerra se fez presente
no dia a dia da gente
sem tempo de se acabar
e não houve mais sol
no campo do nosso amor ...
podia ter sido uma guerra
daquelas de aniquilar mas,
de repente, nem sei como,
surgiu, como por encanto,
mais uma possibilidade,
de uma nova realidade,
de um armistício, talvez
e com um abraço apertado
com os olhos ainda molhados
a paz, se fez ...

Guaraciaba Perides (2001)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Santo Antônio

A mesa posta
O Santo contente
Pessoas alegres
É o que me basta!
Doce de coco, favo de mel
canjica doce e vinho quente
Olhos nos olhos
A fala mansa
O mundo mais terno
De mais confiança
Amor na vida
É o que me basta...
A mesa posta
E o Santo contente!

guaraciaba (junho de 2010)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Saudade

saudade é um sentimento
que vive dentro do peito
como hera que se expande
recobrindo o pensamento,
de um jeito que tão sem jeito
não há como dela escapar...
É como viver uma vida
dentro de uma outra vida,
como caixa de segredo,
história dentro da história
perdendo-se na memória
do presente,
como se passado fosse,
como um tempo do sem quando,
só deixasse aqui, o agora,
da chave do cadeado que
fecha dentro do peito
sentimentos,culpas, medos´
alegrias,desatinos,
amores e dissabores
todos muito bem trancados
na caixa dos pensamentos
coloridos de saudade...

guaraciaba (2007)

Não são versos de Amor

Não são versos de amor
estes que ora escrevo.
são gotas de saudades
caindo macias,
neve em coração cansado.
Não despertam outros sentimentos
senão tédio...
Nem antigos sonhos
de ilusões vazias...
Nenhum sorriso breve
nem lágrima esquiva.
Saudade então de quê
aflige a alma...insiste,
Saudade apenas,de um passado,
presente sem nenhum futuro,
flocos de neve tão fria,
nesta paisagem invernal.
Eis o que restou...
Saudades.

guaraciaba (2007)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os dias

Escorrem pelas paredes
penetram pelas frestas
em raios de sol na veneziana.
Os dias correm pelas calçadas
atrás da bola de todo menino
que de repente cresce...
Há dias coloridos, há dias de cinza chuva,
há dias em que a madrugada se veste de cor de rosa
e há dias em que a preguiça já não quer sair da cama
e na memória de todo o tempo
há dias que a gente esquece..
Como também há na vida
dias que pairam no ar
como mágicos instantes,
flutuantes,comoventes e inquietantes
que vêm da delícia de amar...
E há dias que se renovam
na esperança do novo
como esferas radiadas na superfície das águas
que penetram pelas horas de cada dia que nasce,
perpetuando-se em luzes,escorrendo pelas nuvens,
vibrando em sons da manhã,
de todo o tempo que corre atrás de uma bola,
da mesma, de todo menino que de repente, cresce...

guaraciaba (2006)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

No Portal

Descalço em teu portal de hera e granito
minhas sandálias sujas de infinito.

Na peregrinação do meu destino
fui um deus disfarçado em peregrino.

Sob passos de orgulho e de aventura
calquei toda pureza e toda altura.

Indo de norte asul,de leste a oeste,
pisei o céu com tudo o que é celeste.

Pisei,consciente, com meus pés de Acaso,
o sol,a lua, a estrela, a aurora, o ocaso,

a névoa, o raio, o arco- iris, a ave, o inseto,
a árvore, a sombra, a luz, o fumo, o teto...

Tudo o que era alto,tudo o que era puro
pisei, calquei sob o meu passo duro,

por entre flores ou por entre espinhos
refletido na lama dos caminhos.

Descalço em teu portal de hera e granito
minhas sandálias sujas de infinito.

poesia de Guilherme de Almeida( do livro Poesia Vária)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Flores do Amanhã

Que ainda não nasceram
bem vindas ao som e à luz da vida,
cultivadas no mais fundo da alma
do triste que chora!
Flores do amanhã!
Preparem-se em pétalas macias
de cores deslumbrantes;
filtrem perfumes no orvalho de cristal
da madrugada...
Tirem da terra o sabor da vida
para que sem tardar floresçam
de novo,na memória dos tristes,
trazendo de novo o canto, o riso,
a alegria perdida nos escuros do tempo...
Sombras se desfaçam no horizonte
e apareça o sol com seu calor!
Afaste a escuridão e permaneça o
mundo em sua luz divina,
perpetuando a vida
nas flores do amanhã!

guaraciaba (2003)